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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Igreja de Nossa Senhora da Estrela (Ribeira Grande) ilha de S. Miguel Açores


A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela localiza-se no largo Gaspar Frutuoso, na freguesia da Matriz, concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, nos Açores.
Remonta a uma ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Purificação, que existiu no local em fins do século XV. Em 4 de Junho de 1507, dois meses antes da elevação da povoação a vila, deu-se início à construção de uma igreja matriz. Tendo como modelo a Igreja de São Miguel Arcanjo, em Vila Franca do Campo, a obra foi confiada ao mestre de obras biscaínho Juan de la Peña por 140 mil réis.

As obras foram concluídas em 1517, sob a invocação de Nossa Senhora da Estrela. Foi sagrada pelo bispo de Tânger, D. Duarte, que à época viera a São Miguel em delegação do bispo do Funchal. Na ocasião, foi depositada no altar-mor uma caixa com relíquias sagradas.

Os trabalhos de decoração prosseguiram pelo século XVI, sendo adquiridos painéis, retábulos e paramentos de grande valor artístico. O padre António Cordeiro refere-se a um altar aqui instituído por D. Mécia Pereira e seu marido, D. Gomes de Melo, que continha um painel dos Reis Magos, ainda hoje existente, e que deve datar de 1582, ignorando-se se terá sido executado na ilha ou trazido de fora.


Em 1581, quando foi sagrado o novo retábulo pelo bispo de Angra, D. Pedro de Castilho, foram juntas novas relíquias às já existentes, descritas em um pergaminho que ficou guardado na antiga caixa:

"Aos nove de Abril eu, D. Pedro Castilho, Bispo de Angra, consagrei este altar à honra da virgem, Nossa Senhora do Loreto, e nele meti as suas relíquias; a saber: Uma pequena partícula de pau e uma pouca terra de sua casa do Loreto e um osso das onze mil virgens e um osso pequeno de S. Sebastião. (...)"
O templo foi abalado pelos terramotos de 1563, 1564, 1571, 1588 e 1591. Por volta de 1680 a derrocada da torre sineira destruiu uma das naves e arruinou as demais. O então vigário Hierónimo Tavares chegou mesmo a cogitar a reedificação total, mas diante da dificuldade de recursos a mesma foi sendo adiada.


A 3 de maio de 1728 foram depositados na Igreja da Misericórdia, onde permaneceriam durante um período de oito anos em que durariam as obras, o Santíssimo Sacramento, imagens e objectos da Matriz. Após a demolição do antigo templo, iniciou-se a construção do actual, com projecto de Sousa Freire, então vigário da Ribeira Seca. Após o falecimento deste, as obras passaram a ser orientadas por Manuel de Vasconcelos. Os trabalhos prolongaram-se até 1736, com o contributo das esmolas da população.

Em 5 de Setembro de 1834, o tecto do templo desabou, tendo sido construído a expensas da Junta da paróquia.

Em 1862, o prior Jacinto do Amaral mandou restaurar as talhas de toda a igreja, tendo encomendado paramentos, imagens e pratas artísticas.


Aqui assistiu como vigário, de 15 de Agosto de 1565, data da sua posse, até 1591, ano do seu falecimento, o padre Dr. Gaspar Frutuoso, que chegou transferido da Igreja Matriz de Santa Cruz da Vila da Lagoa. Aqui, nos últimos anos de sua vida, redigiu a crónica que o imortalizou, as "Saudades da Terra". Os seus restos mortais aqui estiveram depositados por séculos até serem transferidos para o cemitério da vila.

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