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terça-feira, 24 de março de 2015

Solar da Madre de Deus na cidade de Angra do Heroísmo


É exemplo de uma casa solarenga do século XVII, típica das cidades portuárias portuguesas das ilhas e do ultramar. Compõe-se de um misto de residência urbana e cabeça de uma grande propriedade rural que se estendia ao Norte da casa.
O solar manteve-se na posse da família até à sua venda ao Estado, após o grande terramoto de 1980.
Foi erguido por determinação do então Morgado e Capitão-mor de Angra, João de Bettencourt de Vasconcelos, acredita-se que no segundo quartel do século XVII, aproveitando-se uma pequena casa cuja fachada ficava virada a Leste, da qual subsistiu a parede que separa a actual sala de jantar do corpo principal do edifício.
João de Bettencourt de Vasconcelos, juntamente com o seu cunhado, o Capitão-mor Francisco de Ornelas da Câmara, presidiu ao Conselho de Guerra que se constituiu em Angra para ordenar o cerco da Fortaleza de São João Baptista em 1641, sendo lícito presumir que o comando das operações se fizesse a partir desta casa, vizinha à qual se abriu uma das diversas trincheiras para defesa dos sitiantes.
A ermida do solar é dedicada à invocação de Nossa Senhora da Madre de Deus, denominada Ermida de Nossa Senhora da Madre de Deus tendo sido erguida em 1727 por iniciativa de Vital de Bettencourt de Vasconcelos, bisneto do capitão–mor João de Bettencourt. No ano seguinte, a 15 de Junho, o Bispo de Angra, D. Manuel Alvares da Costa, passou o alvará para se iniciar o culto, visto ter "os paramentos necessários, campanário e porta para a rua". Este último pormenor significa que a ermida tinha o estatuto de pública, ou seja, a sua porta deveria estar sempre aberta a quem quisesse assistir aos ofícios.
O antigo portão de acesso ao pátio, o chafariz e o belo empedrado na rampa à entrada da casa ostentam datas relativas a obras ou alterações que os antigos senhores da casa levaram a efeito. Sobre o portão destaca-se a pedra de armas dos Bettencourt.
O terramoto de 1980 causou sérios danos à estrutura do edifício, o que demandava extensas obras de consolidação e restauro. Desse modo, o imóvel foi adquirido pelo Estado visando a sua restauração e requalificação como Gabinete do Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, função que actualmente exerce.

O Solar da Madre de Deus encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pela Resolução n.º 41/80, de 11 de Junho, classificação consumida por inclusão no conjunto classificado da Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo.

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