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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Erupção do Cinzeiro ilha de São Miguel Açores

 

Erupção do Cinzeiro, Ano do Cinzeiro ou simplesmente Cinzeiro, é o nome porque ficou conhecida a grande erupção do Vulcão das Furnas iniciada a 3 de Setembro de 1630.  Foi a maior das erupções registadas após a colonização dos Açores, do tipo pliniano, com grande explosividade, emitindo um gigantesco volume de pedra pomes e de material pomítico pulverizado para a atmosfera. A nuvem assim formada obscureceu o Sol por três dias e recobriu a ilha com uma camada de cinzas que nalgumas zonas distantes da erupção excedeu 1,5 m de espessura. A erupção atirou cinzas para a alta atmosfera que se depositaram na ilha das Flores, sita aproximadamente a 545 km para oeste. A camada de pedra pomes flutuante impedia a navegação nas proximidades da ilha. Causou algumas centenas de mortos. A erupção terminou a 2 de Novembro de 1630, isto é 61 dias depois do seu início.



Cento e sete anos andados, depois dos últimos e lastimosos incêndios e terremotos referidos, experimentaram os micaelenses outro tão cruel, que será por seu efeito por toda a Eternidade e duração das Ilhas sempre célebre e memorável nelas; e vem a ser o que hoje por antonomásia se diz o Ano da Cinza.

Sucedeu este na era de 1630, aos 2 de Setembro daquele ano. E sendo pelas nove para as dez horas da noite, começou toda a Ilha abalar-se com amiudados terremotos, sem embargo de que se sentiam mais forçosos em umas partes do que outras, em particular nas freguesias da Ponta Garça e Povoação, lugares grandes e de muito povo, nos quais não ficou casa nem domicilio que não caísse, sem que escapasse a desgraçada Vila Franca do Campo, onde caíram também bastante número de casas. Ali viram todos os moradores daqueles dois lugares com seus olhos desfazerem-se os montes, transmutados da terra que eram em fogo; e deste fogo que emanou deles se vejo a formar um rio que desembocou na costa da beira mar do lugar da Povoação com tal fúria, ímpeto e fortaleza, que entrou no mar deixando um cais do comprimento de noventa braças, sobre o qual se caminhava a pé enxuto. Venceu a imensidade da terra de que se compunham e formavam os serros, vales, e picos, que ante si levou o fogo, a imensidade das águas, sem que lhes valesse o alcantilado dos mares, que são os das costas destas Ilhas os mais altos que na Europa se acham.


Não parou aqui somente o efeito destes horríveis terremotos, em que verdadeiramente foi muito que à vista deles não estalassem todos; porque pelas duas horas depois da meia noite daquele dia infausto rebentou outro maior fogo ao pé de um Pico que se chama hoje o da Lagoa Seca, junto às Furnas de que tratei. Tenho por impossível o poder se explicar o sucesso miserável que resultou deste fatalíssimo incêndio; considere-se qual seria a causa do fogo, que teve por efeito secar uma lagoa que ocupava a circunferência de uma légua, e tão profunda que constava de vinte e cinco braças de altura? Considere-se o estrondo da oposição dos três elementos contrarias Terra, Água e Fogo. A Terra apetecendo o seu fixo, forçando ao centro. A Água com a sua profundidade carregando sobre a Terra. O Fogo buscando a sua esfera e aniquilando, como mais forte, a Terra e Água que se lhe opunham. Foi tão pasmosa a batalha guerreira destes elementos, que se ouviram os estrondos da sua peleja na Ilha Terceira, distante trinta léguas (nota: 200 km), como se fossem peças de artilharia e redondas cargas de mosquetes, e tanto assim que foram muitos da opinião ser encontro naval de duas armadas poderosas.



Proveio deste fogo uma espantosa nuvem obscura; a qual despedia de si quando elevada umas exalações que pareciam raios, outras ao modo de relâmpagos, outras enfim subindo ao ar, como se foguetes fossem. Procedeu dela uma ribeira (sendo que poderá chamar-se rio) que queimou, consumiu e desfez em cinza e carvão tudo quanto se lhe antepôs diante; especialmente umas grandes matas que se avizinhavam àquele Pico em que brotou o incêndio, nas quais havia algumas madeiras grossas e lenhas de consideração e umas e outras sem respeito da verdura, queimou com tanta actividade como se fossem os fragmentos mais áridos que se tiram com a plaina.


Colheu este incêndio os gados dos grandes rebanhos e numerosos currais que pastavam naqueles campos, os quais atemorizados do medo dos estrondos se recolheram a suas selvas, buscando acesso nas matas e grutas em que de inverno se abrigavam, ali arderam todos estes abrasados em fogo.



domingo, 25 de agosto de 2024

O Solar de Lalém freguesia da Maia ilha de São Miguel Açores

 


O Solar de Lalém


Um Solar que é História


A história da Maia está em parte resumida ou testemunhada pelo Solar de Lalém. Edificado no sítio onde terá existido uma primeira ermida de S. Sebastião, logo nos tempos primordiais do povoamento, o actual conjunto é composto por elementos arquitectónicos de três séculos.


A capela actual, que mantém a invocação do Santo mártir, foi como que encastoada no corpo habitacional do solar, e data de 1687, enquanto que a entrada para o recinto se faz por um magnífico portal, com vários elementos decorativos, construído em 1742. A habitação resulta de obras concluídas em 1850, e é uma das mais bem conservados e mais belas mansões do tipo arquitectónico característico do ciclo da laranja. 

Tendo sido a Maia, desde sempre, uma zona agrícola privilegiada, verifica-se, pela arrematação dos dízimos de um quarto de maquia em 1786, que ela se mantinha entre as principais produtoras de trigo da ilha, pois que o seu dízimo foi arrematado por cinco moios e quarenta alqueires, o que faz supor que o arrematante terá previsto uma produção de pelo menos cerca de quatrocentos moios, só superada por Vila Franca, Ponta Delgada, Água de Pau, Povoação e Ribeira Grande – esta, de longe, a maior contribuinte, com quarenta e oito moios e cinco alqueires. E no entanto, nesse ano, dos lugares que anteriormente lhe estavam sujeitos, já só fazia parte da Maia a Lomba da Maia, que haveria de passar a freguesia na primeira década do século XX, o que com as Furnas acontecera pouco antes e, com os Fenais da Ajuda, a meados do século XVI.


É no centro da zona agrícola mais privilegiada da Maia, quer pela natureza chã dos terrenos quer pela sua fertilidade, devida à presença de cinzas vulcânicas recentes, que se situa o Solar de Lalém, cujo nome se deve ao facto de ficar “lá além” da freguesia, no lado de lá da ribeira, ou grota, da Pedra Queimada. O proprietário que fez a última ampliação e remodelação, em 1850, mantendo com perfeita harmonia elementos anteriores, foi o morgado João Silvério Vaz Pacheco de Castro, membro da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, cuja função principal foi a de seleccionar, em países estrangeiros, novas espécies vegetais de interesse económico que pudessem compensar a perda da importância do comércio da laranja.


Este solar chegou ao último quartel do século XX ameaçando ruína. Quem se lançou à aventura da sua recuperação, concluída em 1988, foi Afonso Moniz Quental, que o transformou numa excelente unidade de turismo de habitação, valorizada por mobiliário antigo que usos modernos haviam condenado à destruição.



No Solar de Lalém funcionou, até à sua passagem para a posse dos actuais donos – o casal alemão Gerard e Gabriela Hochleitner, que o têm mantido em excelentes condições – a Associação de Cultura e Recreio a Balada que, entre outros eventos culturais de assinalável interesse, organizou os três primeiros encontros de escritores açorianos, vários de cantadores ao desafio, e homenageou grandes nomes da literatura açoriana, como Martins Garcia, Álamo Oliveira ou Onésimo Almeida.


Atendendo à excelência das suas características, o Solar de Lalém, incluído no Inventário do Património Imóvel dos Açores, está proposto para ser classificado como de interesse de ilha.



Daniel de Sá



segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Convento de São Gonçalo ilha Terceira Açores

 


O Convento de São Gonçalo localiza-se no centro histórico da cidade e Concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.


É considerado o maior e mais antigo convento da cidade e o maior do arquipélago, tendo chegado a abrigar mais de cem religiosas.


O seu estabelecimento deve-se a Brás Pires do Canto, que em 1542 obteve do Papa Paulo III a bula de autorização para a fundação do que seria o primeiro convento de freiras de Angra. Foi destinado a freiras Clarissas (de clausura), e aí se recolheram as suas duas filhas, uma das quais foi a sua primeira abadessa.


O aumento do número de religiosas que se registou durante os séculos XVI e XVII, levou à ampliação das primitivas instalações, que ocuparam o local onde a primitiva igreja (orientada a Leste) estava situada, e da qual ainda existem vestígios integrados nas paredes do claustro Sul. Após essa ampliação, uma nova igreja foi iniciada em fins do século XVII, estando a sua decoração interior concluída em meados do século seguinte.  A Igreja de São Gonçalo foi inaugurada em 1776 e abriga a antiga Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção, actualmente venerável arquiconfraria.


A primeira referência escrita às freiras do convento de São Gonçalo é de Louis-Philippe de Ségur, conde de Ségur (1753-1830), que quando de sua passagem pela Terceira em 1782 rumo aos Estados Unidos, registou a clausura e a beleza das freiras, classificando-as de "não tanto obsequiosas como licenciosas".


No contexto da Guerra Civil Portuguesa, durante os dois anos da presença das forças liberais portuguesas na Terceira (1830-1832) de acordo com o historiador terceirense Francisco Ferreira Drummond, as freiras deste convento desenvolveram um "ardente desejo da liberdade do século, não se contentando muitas d'ellas com a sua profissão que cobriam de pragas e anátemas". À época, o convento foi "refrigério de emigrados", nele vivendo-se "vida galante", tendo nele o próprio Pedro IV de Portugal a sua "freira dilecta", com quem partilhava "melodiosos accentos de poesia"



Família


 

Cecilía Benevides de Carvalho Meireles é descendente de Açorianos

 


Poetisa, professora, pedagoga e jornalista, Cecília Meireles (Cecília Benevides de Carvalho Meireles) é descendente de açorianos naturais da ilha de S. Miguel – Açores. Nasceu na Tijuca, Rio de Janeiro - Brasil, no dia 7 de Novembro de 1901.



Foi criada pela avó materna, uma vez que ficou órfã muito cedo.


Aos nove anos, começou a escrever poesia. Frequentou a Escola Normal no Rio de Janeiro, entre 1913 e 1916 e estudou línguas, literatura, música, folclore e teoria educacional.


Cecilía Benevides de Carvalho Meireles com sangue Açoriano

Em 1919, publicou o seu primeiro livro de poesias, “espectros”, um conjunto de sonetos simbolistas. Embora, vivesse sob a influência do Modernismo, apresentava ainda, na sua obra, heranças do Simbolismo e técnicas do Classicismo, Gongorismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo e Surrealismo, razão pela qual a sua poesia é considerada atemporal.


Teve ainda uma importante actuação como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada, tendo fundado, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Brasil. Observa-se ainda o seu amplo reconhecimento na poesia infantil com textos como “Leilão de Jardim”, “O Cavalinho Branco”,


“Colar de Carolina”, “O mosquito escreve, Sonhos da menina”, “O menino azul” e “A pombinha da mata”, entre outros. Com eles traz para a poesia infantil a musicalidade característica de sua poesia, explorando versos regulares, a combinação de diferentes metros, o verso livre, a literataço, a assonância e a rima. Os seus poemas não se restringem apenas à faixa etária infantil, mas permitem diferentes níveis de leitura.


Em 1923, publicou “Nunca Mais…” e “Poema dos Poemas”, e, em 1925, “Baladas Para El-Rei”. Após um longo período, em 1939, publicou “Viagem”, livro com o qual ganhou o Prémio de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Católica, escreveu textos em homenagem a santos, como “Pequeno Oratório de Santa Clara”, de 1955; “O Romance de Santa Cecília” e outros.


Em 1951, viajou pela Europa, Índia e Goa e visitou, pela primeira e única vez, os Açores, tendo contactado na ilha de S. Miguel o poeta Armando César Côrtes-Rodrigues, amigo e correspondente, desde a década de 1940.


Foi homenageada com o Prémio Machado de Assis (1965); Sócia Honorária do Real Gabinete Português de Leitura; Sócia Honorária do Instituto Vasco da Gama (Goa); Doutora “Honoris Causa”, pela Universidade de Delhi (Índia) e Oficial da Ordem de Mérito (Chile)


Nos Açores, de onde eram oriundos os seus pais, o nome de Cecília Meireles foi dado à escola básica da freguesia de Fajã de Cima, concelho de Ponta Delgada, terra de sua avó-materna, Jacinta Garcia Benevides, que a criou.


Após a sua morte (9-11-1964), foi homenageada, tendo-lhe sido atribuída uma cédula de cem cruzados novos. Este documento, com a efígie de Cecília Meireles, lançado pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1989, seria mudado para cem cruzeiros, aquando da mudança de moeda pelo governo de Fernando Collor.



David Lee Roth ex-vocalista dos Van Halen de origens Açorianas

 


David Lee Roth, também conhecido como Diamond Dave (Bloomington, 10 de outubro de 1954), é um vocalista de rock que se tornou conhecido por seu trabalho no Van Halen. Filho de Nathan Roth, um proeminente oftalmologista judeu, David foi morar em Pasadena (Califórnia, Estados Unidos) na adolescência após morar em Swampscott (Massachusetts, Estados Unidos). Manny Roth, tio de David, é proprietário de um influente clube nocturno em Nova York. David que tem avós paternos e maternos nascidos em S. Miguel Arquipelago dos Açores.

As características mais marcantes de David são suas performances acrobáticas, com golpes de artes marciais, sua voz e seu senso de humor.



Em Abril de 1985 David saiu do Van Halen, embora algumas fontes digam que na verdade ele foi mandado embora da banda. Segundo foi dito, as maiores discordâncias vinham de David com Eddie Van Halen, já que Eddie queria incorporar ao som da banda teclados, sintetizadores e baladas. Em sua autobiografia lançada em 1988, Crazy From the Heat, David caracterizou a música do Van Halen logo antes da sua partida como "tediosa". Dizem que David queria gravar um álbum rapidamente e logo depois sair em turnê, e então lançar um filme, Crazy From the Heat, mas seus companheiros de banda estavam apáticos, letárgicos e afundados em drogas. David também não gostou da participação de Eddie na música Beat It, gravada por Michael Jackson em 1983. Eddie nunca contou a David que iria participar da gravação, por medo de que David tentasse impedi-lo. As razões exactas pelas quais David deixou a banda continuam não-totalmente esclarecidas. Desde 1985, David e seus antigos companheiros de banda isolaram-se.



Laurinda Andrade foi editora e directora da edição, semanal, do Jornal “Tribuna”, de Newark, em New Jersey

 


Laurinda Andrade (Laurinda C. Andrade) nasceu em 1899, na ilha Terceira-Açores.

Emigrou com 18 anos, para os Estados Unidos da América.

Formou-se na Pembroke College of Brown University, em Providence, Rhode Island.

Foi editora e directora da edição, semanal, do Jornal “Tribuna”, de Newark, em New Jersey.


Em 1942, regressou a New Bedford para introduzir o ensino da língua portuguesa na escola secundária da referida cidade. Lecionou inglês e francês e encontrou muita resistência à introdução da língua e cultura portuguesas. Após uma luta considerável, foi criado, em 1955, o primeiro departamento de língua portuguesa, no colégio da cidade de New Bedford.


Em 1944, com a colaboração do proprietário e director do “Diário de Noticias” fundou a Portuguese Educational Society, em New Bedford, para promover o intercâmbio cultural entre os EUA, Portugal e Brasil.



Em 1948, fez o mestrado, no departamento espanhol da Columbia University, em New York, concentrando-se no grande escritor brasileiro Luiz António Machado de Assis.

Em 1950, foi convidada a assistir ao primeiro Colóquio Luso-Brasileiro, realizado na biblioteca do Congresso.

Em 1966, apresentou a sua autobiografia, tendo a mesma sido publicada em 1968. Esta encontra-se entre as colecções da biblioteca do Congresso.

Em 1971, e após a aposentação de Laurinda Andrade, a língua portuguesa era leccionada em quatro escolas públicas de New Bedford. Cerca de 300 pessoas, com apelidos portugueses, frequentavam esta escola.




domingo, 11 de agosto de 2024

Ermida de Santa Rita da Praia da Vitória ilha Terceira Açores

 


A Ermida de Santa Rita é uma ermida portuguesa construída na localidade de Santa Rita no concelho de Praia da Vitória, na ilha açoriana da Terceira.


Fica esta ermida situada a poucos quilómetros da Praia da Vitória e é a sede de um curato estabelecido na Serra de São Tiago, criado pelo Decreto de 14 de Agosto do ano de 1861.


É uma ermida muitíssimo antiga, cuja data de construção se ignora. Tudo leva a crer, porém, que fosse já do tempo de Jácome de Bruges, muito embora a sua configuração actual indique que, no decorrer dos tempos, fosse objecto de diversas transformações e a torre mostra ser de construção posterior a do corpo do templo.


Pertencente, outrora, à casa do Visconde de Bruges, esta curiosa ermida dedicada à Santa Rita é hoje propriedade da respectiva paróquia.


Alfredo da Silva Sampaio, na sua Memória sobre a Ilha Terceira, discorrendo sobre a topografia da ilha Terceira, acrescenta ainda o seguinte:


«Esta ermida tem sido muito acrescentada e benfeitorizada pelo povo. Tem no seu interior as seguintes imagens: Santa Rita, orago da igreja, Nossa Senhora de Lourdes e São Tiago».

Isto escrevia Silva Sampaio no ano de 1804, sendo por consequência de crer que nos últimos cinquenta anos o templo em referência se mostre muito modificado no seu interior, devido a sucessivas obras nele efectuadas.



quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Farol de Gonçalo Velho ilha de Santa Maria Açores

 

O Farol de Gonçalo Velho localiza-se na ponta do Castelo, na freguesia do Santo Espírito, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.


Embora a sua posição já se encontrasse referenciada no "Plano Geral de Alumiamento de 1883", o farol apenas começou a funcionar em 15 de Novembro de 1927. Tendo todos os faróis no arquipélago recebido os seus nomes conforme a localização onde foram instalados, recebeu nome de Farol da Ponta do Castelo.


No dia 3 de Março de 1930 passou a designar-se Farol de Gonçalo Velho. Pouco mais tarde, em 1934 foi erguida uma segunda habitação por considerar-se que a lotação de dois Faroleiros era insuficiente para a sua operação.


Passou por obras de reforma em 1953, datando de 1955 a construção da casa das máquinas e do depósito de combustível. Em 1957 foi eletrificado com a montagem de grupos electrogéneos, passando a fonte luminosa a ser uma lâmpada de 3000W/120V.


Em Junho de 1988 foi automatizado com um sistema projetado pela Direcção de Faróis, passando a lâmpada a ser de Quartzline Hologénio 1000W/120V. Ainda nesse mesmo ano foi instalado um sistema de monitorização do Farol das Formigas, constituído por um controlo remoto via rádio que permitia acompanhar se o farol nas Formigas estava aceso ou apagado. Este, entretanto, devido à sua pouca fiabilidade, foi abandonado no ano seguinte (1989).


Tendo tido características aeromarítimas, em 1990 foram cobertos os vidros que as permitiam.


Mais recentemente, a 21 de Novembro de 1991 passou a estar eletrificado com energia da rede pública.


Este Farol é guarnecido por três Faroleiros.



Igreja Velha de São Mateus da Calheta ilha Terceira Açores foi erguida em 1557

 

A primitiva igreja paroquial de São Mateus foi erguida na ponta de São Mateus por volta de 1557 para substituir a Ermida de Nossa Senhora da Luz como centro de culto. Desde cedo revelou-se pequena e demasiado próxima do mar, já que o recuo da linha de costa a colocava quase sobre a falésia.


Entre 1694 e 1700 esta primitiva igreja foi demolida e reconstruída mais para o interior, permanecendo uma cruz no adro da nova igreja a assinalar o local da antiga capela-mor. Durante as obras, o culto retornou para a Ermida da Luz, ali tendo sido celebrados os baptizados e efetuados os enterramentos. A nova igreja (hoje conhecida como "Igreja Velha") estava concluída em 1700.



Esta igreja foi praticamente destruída por um furacão que varreu a área em 28 de Agosto de 1893. A destruição então causada destelhou o templo e levou ao deslocamento da vila mais para o interior de terra, razão pela qual as ruínas deste templo se encontram isoladas no centro da atual povoação.



domingo, 4 de agosto de 2024

Origens


 

Carta régia de D. Afonso V dando licença ao Infante D. Henrique para povoar as sete ilhas dos Açores (1439)

 


Carta de El-Rei D. Afonso V dando licença ao Infante D. Henrique para povoar as sete ilhas dos Açores, onde já mandara lançar ovelhas, de 2 de julho de 1439.

"Dom Afomso etc. A quantos esta carta virem fazemos saber, que o Ifante Dom Anrrique meu tio nos envyou dizer q el mandara lançar ovelhas nas ssete Ilhas dos Açores, e que se nos aprouguese que as mandaria pobrar. E porq a nos dello praz lhe damos lugar e licença q as mande pobrar. E porem mandamos aos nosos veedores da fazenda corregedores juizes e justiças e a outros quaaesquer q esto ouverem de veer que lhas leixe mandar pobrar e lhe nom ponham sobre ello enbargo. 


E al nom façades. Dada em cidade de Lixboa doos dias de Julho. EI-Rey o mandou com autoridade da Sra. rrainha sua madre como sua tetor e curador que he com acordo do Ifante do Ifante   Dom Pedro seu tio defensor por el dos ditos regnos e senhorio. Paay Roiz a fez screpver e ssoscrepveo per sua maão. Anno do naçimento de nosso Senhor Jhu Christo de mil e iiii xxxix."



A.N.T.T., Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 19, fólio 14.



sábado, 3 de agosto de 2024

Palácio de Santa Luzia cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 

A história do Palácio de Santa Luzia que se localizava nos limites do centro histórico da cidade e Concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores e que também é denominado Solar de Santa Luzia tem a sua origem nos primeiros povoadores da ilha Terceira, mais exactamente na pessoa de Álvaro Vaz Merens que chegou a esta ilha pouco antes do Capitão Jácome de Bruges e que foi o fundador da 1º ermida que houve junto ao mar sob a invocação de Santa Maria Madalena, no local onde nos meados do Século XVI foi levantado o Forte de São Sebastião para defesa da Baía de Angra e da primeira instalação portuária que viria, anos séculos mais tarde a dar origem ao actual Porto das Pipas.



Foram os descendentes deste primeiro povoador detentores de vastas áreas de terras acima da cidade de Angra, onde mandaram erigir a Igreja de Santa Luzia de que foram padroeiros e aquele conjunto habitacional que viria a ser o Palácio de Santa Luzia.


Estas construções são perfeitamente observáveis na planta da cidade de Angra feita em 1596 e atribuída ao comerciante holandês Jan Huygen van Linschoten.


O primeiro título vincular com o Palácio de Santa Luzia surge, segundo o investigador Pedro de Merelim, na pessoa de Maria Pamplona casada com Luís Pereira de Orta. Uma filha deste casal, Isabel Pereira Pamplona estabeleceu matrimónio com Francisco Borges de Ávila, filho do Capitão João de Ávila. Deste casamento nasceu Maria Paula Borges de Ávila casada com Manuel Paim de Sousa, facto que levou à passagem deste solar para a família Paim.



Este Manuel Paim de Sousa era filho do Capitão Francisco de Ornelas da Câmara, herói da Restauração de 1640 na ilha Terceira, moço fidalgo da Casa Real e comendador de Penamacor e de Filipa de Bettencourt de Vasconcelos, herdeira do Solar da Madre de Deus.


Foi de um dos filhos deste casal, Francisco Paim da Camara Sousa e Ávila (também Conhecido como Francisco Paim da Câmara Burges), Capitão-mor da então ainda Vila da Praia e casado na ilha do Faial com Jerónima Maria de Montojos da Silveira que nasceu Tomás Paim da Câmara casado com Ifigénia de Montojos Paim da Câmara, de quem, em 1760 veio a nascer Teotónio de Ornelas Paim da Camara que foi por herança senhor do Palácio de Santa Luzia.



Este foi casado com Josefa Jerónima de Montojos Paim da Câmara, tendo sido progenitores de Rita Pulquéria de Ornelas Paim da Camara casada com o Dr. André Eloi Homem da Costa Noronha Ponce de Leão pais de Teotónio de Ornelas Bruges Paim da Câmara, 1º Visconde de Bruges e 1º Conde da Praia da Vitória, que foi o último Senhor do Palácio de Santa Luzia, ficando para sempre, o palácio ligado à história do Liberalismo na ilha Terceira.


Nos inícios do Século XIX este conjunto habitacional foi sujeito a profundas obras de manutenção, restauro e ampliação debaixo da orientação da morgada e administradora dos vínculos, Rita Pulquéria de Ornelas Paim da Câmara que havia herdado de seu pai o palácio e outros bens do seu casamento com André Eloi Homem da Costa Noronha Ponce de Leão. Teotónio Bruges nasceu neste mesmo palácio e foi um dos últimos dos Pains de Sousa Noronha Bruges que ali viveu, vindo a faleceu na Quinta da Estrela, no Caminho de Baixo, subúrbios de Angra do Heroísmo.




Assim esteve na posse da família Paim de Sousa Noronha até à sua venda já nos anos 15 do Século XX, à Diocese de Angra, no dia 30 de Setembro de 1915, pela quantia de 5 961 680 Réis, (moeda da altura, e quantia bastante avultada para a época).


Esta passagem de propriedade aconteceu com a chegada do novo bispo, D. Manuel Damasceno da Costa, que concebeu a criação de um seminário na localidade de Santa Luzia aproveitando este solar. No entanto esta pretensão não chegou a acontecer devido divergência entre os docentes do próprio seminário.