domingo, 31 de dezembro de 2023
Sismo dos Açores a 1 de Janeiro de 1980
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
A lenda da Borboleta na ilha do Pico Açores
Era uma vez uma borboleta enorme, com asas muito coloridas em forma de coração. Tinha um feitio atrevido, curioso e era muito veloz.
Certo dia, ouviu dizer que dentro da montanha da ilha do Pico, havia um Reino de Fantasia. Decidiu investigar e encontrou uma de 3 passagens para lá entrar Escolheu a primeira, ou seja, a passagem aérea, acessível a partir do cume do Piquinho da imponente montanha. Mas havia ainda havia uma passagem terrestre a partir das Grutas das Torres e uma outra - aquática - situada no Porto da Madalena.
Quando entrou dentro da Montanha, a Borboleta Gigante de imediato se transformou numa bela princesa e, impedida de voar, caiu em cima de algas fofinhas.
Como era muito habilidosa e vaidosa também, decidiu com as algas tricotar um lindo vestido.
Assim vestida, encontrou, algum tempo depois, um belo Príncipe que se apaixonou por ela de imediato. Mas, como era muito tímido, não teve coragem de se declarar pessoalmente, mandando-lhe entregar um bilhete onde perguntava se ela queria casar com ele.
A Princesa Borboleta disse que sim.
Casaram, fizeram uma festa e tiveram cinco filhos: um cagarro, um cachalote, um milhafre, uma vaca e um golfinho - que por sua vez cresceram, fizeram as suas famílias e continuam a viver não apenas na ilha do Pico mas também em todas as outras ilhas dos Açores.
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
Açorianos que construíram um barco para chegar à América e foram naturalizados graças a Kennedy
Dois açorianos construíram há mais de 65 anos um barco para emigrar para os Estados Unidos da América (EUA), conseguindo obter a cidadania deste país com a ajuda de John F. Kennedy, que viria a tornar-se presidente.
"John F. Kennedy tinha-se empenhado na construção da igreja portuguesa de Cambridge e promoveu uma grande festa para assinalar o aniversário da instituição, num dos maiores hotéis de Boston, onde também estive presente e lhe fui apresentado", disse à agência Lusa Vítor Manuel Caetano , de 91 anos, o único sobrevivente desta aventura.
Evaristo Gaspar, já falecido, e Vítor Caetano, partiram de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, a 28 de Junho de 1951 e chegaram a 23 de Agosto aos Estados Unidos, onde foram recebidos como heróis, depois de terem sido dados como mortos.
Os dois foram recolhidos ao largo das ilhas Bermudas por um navio, quando a sua embarcação se encontrava à deriva e estavam sem alimentos há cerca de uma semana.
Vítor Caetano, que tinha 26 anos, afirmou que quando se encontrou com John F. Kennedy este encontrava-se de muletas na sequência de uma cirurgia à coluna, da qual "muito se queixava".
Segundo o açoriano, John F. Kennedy, à data congressista pelo estado de Massachusetts, ficou fascinado com a sua aventura marítima e assegurou-lhe que iria empenhar-se na sua legalização para ficarem no país.
"Ele ficou admirado com a nossa história. Ele próprio contou-me como ficou ferido durante a II Guerra Mundial, num barco de patrulha. Todos os anos, graças a JFK, eu renovava os meus documentos e, quando faltavam sete dias para os cinco anos (período necessário para obter a cidadania), tornei-me cidadão americano", declarou Vítor Caetano, recordando que o congressista "mandava sempre cumprimentos" por via de um português que trabalhava numa das residências do clã Kennedy na Nova Inglaterra.
Quando o político de origem irlandesa chegou à presidência dos EUA, Vítor Caetano enviou-lhe uma carta a dar os parabéns "por ser presidente de um grande país como a América", tendo este retribuído com um agradecimento.
John F. Kennedy, cuja relação com a comunidade de emigrantes açorianos na costa leste dos Estados Unidos é conhecida, foi um dos responsáveis pelo 'Azorean Refugee Act', em 1958, a par de outro senador, John Pastore.
Esta foi uma legislação aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos que permitiu às vítimas do vulcão dos Capelinhos, ocorrido na ilha do Faial em 1957, emigrarem para os Estados Unidos.
Vítor Caetano teve de abdicar do seu barco quando foi recolhido pelo navio, mas não antes de retirar de bordo a bandeira portuguesa, uma imagem da Virgem de Fátima e outra de São José, nome com que foi baptizada a embarcação.
Mais tarde construiu uma réplica em miniatura, que ostenta "com orgulho" na sua residência.
A aventura dos dois açorianos inspirou uma obra de ficção do escritor Manuel Ferreira, denominada "O barco e o sonho", que foi adaptada para televisão.
" Cortesia ao Açoriano Oriental"
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
Hospital Militar da Terra Chã na ilha Terceira Açores
O Hospital Militar da Terra Chã (1943-1975) foi uma unidade de saúde militar, inicialmente dependente do Exército Português e depois da Força Aérea Portuguesa. Estava situada na Terra Chã, arredores da cidade de Angra do Heroísmo, nos Açores
A instituição começou a funcionar a 6 de Outubro de 1943, numa estrutura construída frente à igreja paroquial da Terra Chã, destinada a apoiar os militares do Corpo Expedicionário português então estacionados na ilha Terceira e os militares ingleses que então ali desembarcaram. Esse apoio foi estendido aos militares norte-americanos enquanto não dispuseram de instalações sanitárias próprias na Base das Lajes.
Em 1946, com a partida da Força Expedicionária portuguesa e das forças britânicas estacionadas nas Lajes, estas substituídas pelas forças norte-americanas ainda hoje presentes na Base das Lajes, o Hospital Militar da Terra Chã foi transferido para a tutela da Base Aérea n.º 4, recebendo a 9 de Setembro de 1946 a designação de Hospital Militar da BA4 (Terra-Chã), nome que manteve até 13 de Agosto de 1972, quando por força do Decreto-Lei n.º 296/72, de 14 de Agosto, que reorganizou o Serviço de Saúde da Força Aérea Portuguesa e determinou várias outras providências respeitantes àquele ramo das forças armadas, passou a designar‑se por Núcleo Hospitalar Especializado da Força Aérea n.º 2 (NHEFA2).
Foi único hospital da Força Aérea Portuguesa no período de 1946 até 1975, ano em que foi extinto pelo Decreto-Lei n.º 525/75, de 25 de Setembro, e desactivado na sequência da concentração dos serviços de saúde da Força Aérea Portuguesa no Lumiar, Lisboa, onde subsequentemente deram origem ao Hospital da Força Aérea. A partir de meados da década de 1960 o Hospital da Terra-Chã foi utilizado para os militares feridos evacuados dos teatros de operações da Guerra Colonial Portuguesa em África. Passaram pela instituição largas centenas de militares, cuja presença na Terra Chã foi importante na alteração da estrutura social da freguesia.
Pelo seu quadro passaram médicos ilustres que colaboraram também no Hospital de Angra. Entre esses médicos destacou-se o médico militar Dr. Viriato Garrett, chegado à Terceira em 1941 como alferes miliciano do Exército Português, trabalhou quase em permanência no Hospital desde a sua fundação. A sua actividade como cirurgião foi particularmente intensa a partir de 1957, ano em que ingressou no quadro permanente da FAP, foi promovido a capitão-médico e colocado na BA4, onde permaneceu até ao encerramento da estrutura, da qual foi director a partir de 1966.
Após o fim da actividade hospitalar, o edifício do Hospital Militar serviu de abrigo para refugiados provenientes das colónias portuguesas em África (os retornados), sendo em 1976 entregue ao então recém-fundado Instituto Universitário dos Açores, que ali instalou o seu Departamento de Ciências Agrárias. Com a transformação do Instituto em Universidade dos Açores, o imóvel passou a albergar o Campus de Angra do Heroísmo daquela instituição, situação que se mantém na actualidade, pese embora a mudança progressiva da actividade universitária para o novo campus do Pico da Urze a partir de 2004. O imóvel parece destinado a ser transformado em parque tecnológico associado à Universidade.
sábado, 23 de dezembro de 2023
A genealogia de Jesus Cristo
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
A Lenda de São Nicolau
Nicolau, filho de cristãos abastados, nasceu na segunda metade do século III, em Patara, uma cidade portuária muito movimentada.
Conta-se que foi desde muito cedo que Nicolau se mostrou generoso. Uma das histórias mais conhecidas relata a de um comerciante falido que tinha três filhas e que, perante a sua precária situação, não tendo dote para casar bem as suas filhas, estava tentado a prostituí-las. Quando Nicolau soube disso, passou junto da casa do comerciante e atirou um saco de ouro e prata pela janela aberta, que caiu junto da lareira, perto de umas meias que estavam a secar. Assim, o comerciante pôde preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. Nicolau fez o mesmo para as outras duas filhas do comerciante, assim que estas atingiram a maturidade.
Quando os pais de Nicolau morreram, o tio aconselhou-o a viajar até à Terra Santa. Durante a viagem, deu-se uma violenta tempestade que acalmou rapidamente assim que Nicolau começou a rezar (foi por isso que tornou também o padroeiro dos marinheiros e dos mercadores). Ao voltar de viagem, decidiu ir morar para Myra (sudoeste da Ásia menor), doando todos os seus bens e vivendo na pobreza.
Quando o bispo de Myra da altura morreu, os anciões da cidade não sabiam quem nomear para bispo, colocando a decisão na vontade de Deus. Na noite seguinte, o ancião mais velho sonhou com Deus que lhe disse que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte, seria o novo bispo de Myra. Nicolau costumava levantar-se cedo para lá rezar e foi assim que, sendo o primeiro homem a entrar na igreja naquele dia, se tornou bispo de Myra.
S. Nicolau faleceu a 6 de Dezembro de 342 (meados do século IV) e os seus restos mortais foram levados, em 1807, para a cidade de Bari, em Itália. É actualmente um dos santos mais populares entre os cristãos.
S. Nicolau tornou-se numa tradição em toda a Europa. É conhecido como figura lendária que distribui prendas na época do Natal.
Originalmente, a festa de S. Nicolau era celebrada a 6 de Dezembro, com a entrega de presentes. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, apesar de ser retirada pela igreja católica do calendário oficial em 1969, ficou associado pelos cristãos ao dia de Natal (25 de Dezembro)
A imagem que temos, hoje em dia, do Pai Natal é a de um homem velhinho e simpático, de aspecto gorducho, barba branca e vestido de vermelho, que conduz um trenó puxado por renas, que esta carregado de prendas e voa, através dos céus, na véspera de Natal, para distribuir as prendas de natal. O Pai Natal passa por cada uma das casas de todas as crianças bem comportadas, entrando pela chaminé, e depositando os presentes nas árvores de Natal ou meias penduradas na lareira. Esta imagem, tal como hoje a vemos, teve origem num poema de Clement Clark More, um ministro episcopal, intitulado de “Um relato da visita de S. Nicolau”, que este escreveu para as suas filhas. Este poema foi publicado por uma senhora chamada Harriet Butler, que tomou conhecimento do poema através dos filhos de More e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, publicando-o no Natal de 1823, sem fazer referência ao seu autor. Só em 1844 é que Clement C. More reclamou a autoria desse poema.
Hoje em dia, na época do Natal, é costume as crianças, de vários pontos do mundo, escreverem uma carta ao S. Nicolau, agora conhecido como Pai natal, onde registam as suas prendas preferidas. Nesta época, também se decora a árvore de Natal e se enfeita a casa com outras decorações natalícias. Também são enviados postais desejando Boas Festas aos amigos e familiares.
Actualmente, Há quem atribuía à época de Natal um significado meramente consumista. Outros, vêem o Pai Natal como o espírito da bondade, da oferta. Os cristãos associam-no à lenda do antigo santo, representando a generosidade para com o outro.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Ceia de Natal desdo século XVI
A Ceia de Natal envolve muitas tradições populares. O peru é o prato mais tradicional, tendo sido usado desde o século XVI na Europa. Recentemente, no Brasil, o pernil de porco e o frango passaram a estar muito próximos do peru na ceia de Natal.
As tradições dos pratos variam em cada país. Em Portugal, come-se peru e bacalhau com batatas e couves, e na Galiza bacalhau com couve-flor. Na Rússia evita-se a carne, enquanto na Jamaica há um grande uso de ervilhas. Na Alemanha come-se carne de porco. Pratos tradicionais de tempero forte também são muito comuns. Na Austrália, onde as festividades natalinas acontecem durante o verão, as pessoas costumam fazer a ceia de natal em praias. No Brasil, incorporaram-se várias receitas que chegaram ao país com a colonização portuguesa, como a rabanada e o bolinho de bacalhau. Recentemente em vários lugares do mundo é típico comer mariscos na ceia de Natal.
Em Portugal, a ceia de natal recebe o nome de consoada sendo celebrada na noite do dia 24 de Dezembro, a véspera de Natal. Esta tradição leva as famílias a reunirem-se à volta da mesa de jantar, comendo uma refeição reforçada. Por ser uma festa de família, muitas pessoas percorrem longas distâncias para se juntarem aos seus familiares.
A origem do nome “Consoada” vem do Latim "consolata", de "consolare", "consolar".
Na tradição católica os fiéis participavam, ao final da noite, na Missa do Galo.
Segundo a tradição portuguesa, a Consoada consiste principalmente em bacalhau cozido, seguido dos doces, como aletria, rabanadas, filhoses e outros doces. Em algumas regiões do país (principalmente no Norte), o polvo guizado com couves e batatas também consta da mesa de Natal. Em Trás-os-Montes, peru no forno, canja de galinha e assados de borrego, porco ou leitão também marcam o Natal, enquanto na Beira Alta, o cabrito é uma tradição. No Alentejo e no Algarve, o peru recheado assado são pratos que podem constar das mesas.
Em Portugal, depois da Consoada, é tradição fazer a distribuição dos presentes de Natal.
No início do século XII d.C., os presentes eram distribuídos em nome de S. Nicolau, a 6 de Dezembro. Contudo, a Contrarreforma católica do Concílio de Trento (1545 – 1563) passou essa função ao Menino Jesus, sendo a distribuição feita no dia 25 de Dezembro, assinalando a data do nascimento de Jesus.
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
Tradição do bacalhau na consoada desde 1780
Na Idade Média, dado o calendário cristão obrigar a cumprir-se o jejum perto das principais de festividades religiosas e igualmente por ser proibido o consumo de carne neste período, os portugueses começaram a consumir o peixe e, mais tarde, o bacalhau seco, que era de fácil acesso em qualquer parte do país, tornando-se no rei do Natal.
Ramalho Ortigão descreve no seu livro “Natal Minhoto” a riqueza de uma mesa de ceia de Natal no Norte do país apesar de, nesta altura, a sua confeção ser mais próxima ao “Bacalhau à Provençal” que também é descrito por Lucas Rigaud, cozinheiro real, em 1780.
Existem, a partir daí, várias referências a este prato, que passam pelo bacalhau acompanhado por hortaliças descrito por Ferra Júnior; à “A Noite de Natal no Porto” de Assis de Carvalho que revela a proximidade da família nesta altura do ano na companhia do peixe; assim como em 1923, Santos Graça em “O Poveiro”.
Esta tradição ter-se-á iniciado a Norte do país dado que em outras regiões preferiam uma consoada menos magra com o uso de carnes como o peru ou mesmo o porco, que interrompiam o jejum após a Missa do Galo.
No início do século XX, a tradição no Alentejo era o porco, no Funchal o porco, uma canja e cálice de vinho na madrugada na consoada, a Norte a acompanhar o bacalhau, um polvo.
Passada a revolução de 1820 os restaurantes e casas de pasto passaram a generalizar a utilização do bacalhau, tornando-se este quase obrigatório para qualquer refeição social, tertúlia ou convívio.
A vulgarização desde consumo parece ter surgido após a Segunda Guerra Mundial dado o abastecimento de bacalhau ser regulamentado pelo Estado Novo. Tendo o bacalhau chegado, desta forma a todo o país, também a televisão impulsionou a propaganda do regime que refletia neste prato a humildade e simplicidade que deveria ser a mesma do povo português.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
O primeiro uso registrado de uma árvore para celebrar o Natal foi em 1510
Civilizações antigas que habitaram os continentes europeu e asiático, no terceiro milênio antes de Cristo, já consideravam as árvores como um símbolo divino. Eles cultivavam-nas e realizavam festivais em seu favor. Essas crenças ligavam as árvores a entidades mitológicas e sua projeção vertical, desde as raízes fincadas no solo, marcava a simbólica aliança entre os céus e a mãe terra.
Nas vésperas do solstício de inverno, os povos pagãos da região dos países bálticos cortavam pinheiros, levavam para seus lares e os enfeitavam de forma muito semelhante à que se faz nos atuais dias. Essa tradição passou aos povos Germânicos, que colocavam presentes para as crianças sob o carvalho sagrado de Odin.
Uma das versões para a origem da tradição diz que no início do século VIII, o monge beneditino São Bonifácio tentou acabar com essa crença pagã que havia na Turíngia, para onde fora como missionário. Com um machado cortou um pinheiro sagrado, que os locais adoravam no alto de um monte, e como teve insucesso na erradicação da crença, decidiu associar o formato triangular do pinheiro à Santíssima Trindade e suas folhas resistentes e perenes à eternidade de Jesus. Nascia aí a Árvore de Natal.
O primeiro uso registrado de uma árvore para celebrar o Natal e o Ano Novo ocorreu em Riga, na Letónia, em 1510. Acredita-se também que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, como velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.
Há outras versões, porém, segundo as quais a moderna árvore de Natal teria realmente surgido na Alemanha entre os séculos XVI e XVIII. Não se sabe exatamente em qual cidade ela tenha surgido. Durante o século XIX a prática foi levada para outros países europeus e para os Estados Unidos. Apenas no século XX essa tradição chegou à América Latina.
Atualmente essa tradição é comum a católicos, protestantes e ortodoxos.
O dia de montar as decorações natalinas varia em cada país. Enquanto nos Estados Unidos se monta a árvore de Natal no Dia de Ação de Graças, no Brasil o dia certo para montar a árvore de Natal é no 4° domingo antes do Natal, dia que marca o início do Advento. Já em Portugal a tradição diz que deve ser montada a 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição. A festa cristã relata que no dia 6 de janeiro, em que se comemora o Dia de Reis, data que assinala a chegada dos Três Reis Magos a Belém, encerrando as festas do Natal, quando a árvore de Natal e demais decorações natalinas são desfeitas.
sábado, 16 de dezembro de 2023
Santa Bárbara das Nove Ribeiras já existia como entidade autónoma no ano de 1489
O povoamento da zona oeste da ilha Terceira iniciou-se nos finais do século XV, quando as terras das vertentes da Serra de Santa Bárbara foram distribuídas em sesmaria por João Vaz Corte-Real, então capitão-do-donatário em Angra, prosseguindo a política de distribuição de terras naquela zona que havia sido iniciada por Jácome de Bruges. A maioria dos povoados a oeste de Angra apenas ficaram estruturados na década de 1510, mas a paróquia de Santa Bárbara das Nove Ribeiras já existia como entidade autónoma no ano de 1489, sendo a única existente na jurisdição de Angra quando Jácome de Bruges era capitão-do-donatário na ilha.
Um dos primeiros documentos que identificam a localidade de Santa Bárbara data desta época e refere que João Vaz Corte Real, pelo ano de 1486, passou uma carta de dadas de terras a um tal Bastião, filho de João Esteves, tecelão e morador nas Nove Ribeiras. Aquele documento identifica o povoado de Santa Bárbara, ao estabelecer a delimitação das terras "dadas", e refere também os lugares de Doze Ribeiras (então parte da paróquia) e dos Biscoitos.
Os condicionalismos da topografia local, e especialmente a escassez de nascentes de água, levou a que o povoamento assumisse ali um carácter linear, ao longo do caminho que partindo de Angra se dirigia para oeste. Os povoadores fixaram-se nas margens das ribeiras, nas imediações do local onde estas eram atravessadas por aquele caminho, pois sendo a região muito pobre em nascentes, os habitantes eram obrigados a recorrer à água das ribeiras, elas também efémeras, já que durante o Verão raramente correm.
Em consequência das restrições ao abastecimento de água apontadas, o povoamento da vasta zona do sudoeste da Terceira, que vai de São Bartolomeu dos Regatos até à Serreta, no extremo oeste da ilha, ficou assim estruturada em torno das ribeiras, as quais foram numeradas de leste para oeste, isto é de Angra para a Serreta, dando origem a topónimos como Cinco Ribeiras, Nove Ribeiras ou Doze Ribeiras. O centro administrativo e religioso da região acabou por se centrar na igreja de Santa Bárbara, às Nove Ribeiras, sendo formada, em data anterior a 1489, uma imensa paróquia que ia desde a Cruz das Duas Ribeiras até ao Biscoito da Serreta.
Inicialmente denominada Santa Bárbara das Nove Ribeiras, por ter o seu núcleo principal Às Nove Ribeiras, a paróquia estendia-se por toda a costa sudoeste da ilha Terceira, desde a Cruz da Duas Ribeiras até ao Biscoito da Fajã, confinando aí com a paróquia de São Roque dos Altares. Nesta paróquia ficava a maior serrania da ilha, a qual ficou conhecida por Serra de Santa Bárbara (inicialmente era referida por Serra Gorda), nome que ainda mantém apesar de hoje se encontrar dividida pelo território de sete freguesias distintas, resultado da progressiva subdivisão das paróquias originais.
À medida que o povoamento se foi estruturando, a freguesia de Santa Bárbara foi sendo repartida em curatos e depois em paróquias autónomas, precursoras das actuais freguesias. A paróquia de Santa Bárbara, para além território da actual freguesia homónima, compreendia na sua extensão original as actuais freguesias de Nossa Senhora do Pilar das Cinco Ribeiras, de São Jorge das Doze Ribeiras e de Nossa Senhora dos Milagres da Serreta.
Ao longo dos séculos, a freguesia de Santa Bárbara alcançou uma considerável importância, assumindo-se como o principal centro urbano do oeste da Terceira. Essa importância alimentou o desejo de ver a freguesia elevada a cabeça de concelho, o que nunca se chegou a concretizar, mas permitiu ser sede de um julgado autónomo, com juiz ordinário. Para além disso, foi um pólo económico importante naquela parte da Terceira, com uma população empreendedora e dinâmica.
Francisco Ferreira Drumond, escrevendo em meados do século XIX, descreve da seguinte forma a freguesia e as suas gentes:
Os habitantes de Santa Bárbara das Nove Ribeiras ocupam-se pela maior parte na cultura dos campos, que apesar de elevados e desabrigados dos ventos gerais são mui produtivos; há também grande número de oficiais de ferreiro, carpinteiros, fragueiros, cabouqueiros, canteiros e galocheiros [...]. A freguesia toda padece de muita falta de águas e de peixe, por ter somente mui pequeno porto denominado das Cinco. A costa é toda alcantilada e pouco defendida aquela parte da ilha de qualquer tentativa hostil. Gozam estes povos a fama de mui discretos e deles se costuma dizer "Um de Santa Bárbara vale por sete de Coimbra"..
Para além da Igreja Paroquial, existe na freguesia de Santa Bárbara a Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, um pequeno templo construído à beira-mar no fim da Canada da Ajuda (a que aliás empresta o nome). A ermida da Ajuda foi edificada antes de 1545, ano de que data a primeira referência escrita à sua existência. A sua traça foi profundamente alterada aquando da sua reconstrução em 1877.
Durante as Guerras Liberais a freguesia de Santa Bárbara foi sede do 7.º dos distritos militares em que António José de Sousa Manuel de Menezes Severim de Noronha, o 7.º Conde de Vila Flor, dividiu a ilha Terceira.
Foi comandante deste distrito militar o coronel Bernardo da Fonseca, que atingiria depois o posto de brigadeiro e que por decreto da rainha D. Maria II de Portugal seria agraciado com o título de barão de Santa Bárbara, em lembrança do seu comando na ilha Terceira. O seu filho usou o mesmo título.