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sábado, 30 de outubro de 2021

João Vaz Corte Real foi um dos primeiros europeus que chegou à costa Americana





João Vaz Corte-Real (c. 1420 em Faro † 1496 em Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores) era um navegador português do século XV ligado ao descobrimento da Terra Nova. Foi enviado em 1473 do rei Afonso de Portugal a Dinamarca, para participar numa expedição, encabeçada do navegador alemão Didrik Pining, para estabelecer e renovar antigas ligações da Dinamarca com Gronelândia. Corte-Real organizou ainda outras viagens que o terão levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio Hudson e São Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador.

Se for verdade, Corte-Real teria desembarcado cerca de dezanove anos antes de Colombo nas costas da América do Norte.


Em 1474 foi nomeado capitão-donatário de Angra e a partir de 1483, também da Ilha de S. Jorge. Os seus três filhos, todos navegadores audaciosos, Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real, continuaram o espírito de aventura de seu pai tendo os dois primeiros desaparecido depois de expedições marítimas, em 1501 e 1502 respectivamente. Vasco Anes quis ir em busca de seus irmãos mas o Rei não lhe concedeu autorização, tendo sucedido a seu pai como Capitão-Donatário.

À volta de 1418 o Infante D. Henrique deu vida e alento ao grande desejo dos Portugueses de procurarem fama e fortuna, descobrindo terras novas num mundo que era então vastamente desconhecido.


As outras nações, que mais tarde competiram com os portugueses na colonização, encontravam-se por essa altura ocupadas com graves problemas internos. Tomando vantagem dessa distracção, e em grande segredo, um enorme esforço foi desenvolvido que resultou na descoberta da maioria das terras do mundo pelos navegadores portugueses.


Por causa desse grande segredo necessário nessa altura, hoje a História tem lacunas, que muitos pesquisadores procuram diligentemente preencher. Umas destas é: Quem foi o primeiro Navegador a descobrir o Canadá? E a América?

Hoje aceita-se que João Vaz Corte-Real possa ser considerado como um dos primeiros europeus que chegou à costa Americana, pelo menos, mais de dezanove anos antes de Cristóvão Colombo.



quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Capela de Santo António da Furna data do Século XVII em São Roque ilha do Pico



A Capela de Santo António da Furna foi uma capela portuguesa que se localizou na freguesia de Santo António, no concelho de São Roque do Pico, ilha do Pico, no arquipélago dos Açores.
Desta capela que data do Século XVII apenas existe um portão elaborado em cantaria de pedra basáltica negra que ostenta no frontispício a data de 1608. Este portão dá acesso à antiga residência paroquial de Santo António e segundo afirma a voz popular fazia parte da capela ali existente nos primórdios do povoado.


Em 1946 procedeu-se a escavações no local que tiveram como resultado o encontrar de inúmeras ossadas humanas, facto que reforça a existência do templo dado que era costume enterrar os mortos dentro dos templos religioso.


terça-feira, 26 de outubro de 2021

O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda na ilha Terceira Açores data de 1622




O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola. Contudo, presume-se que as corridas de touros à corda nos folguedos populares já ocorressem há muito, o que justifica a inclusão daquele evento numa festividade oficial.


Tourada à corda,é um divertimento tauromáquico tradicional nos Açores, com particular expressão na ilha Terceira, acreditando-se ser a mais antiga tradição de folguedo popular do arquipélago. A modalidade tauromáquica é específica dos Açores e caracteriza-se pela corrida de 5 touros adultos da raça brava da ilha Terceira ao longo de um arraial montado numa rua ou estrada, num percurso máximo que regra geral é de 500 m.


O animal é controlado por uma corda atada ao seu pescoço (daí a designação do tipo de tourada) e segura por 6 homens (os pastores) que conduzem a lide e impedem a sua saída para além do troço de via estipulado. A lide é conduzida por membros do público, em geral rapazes, embora seja admissível a presença de capinhas contratados. Após a lide, os animais são devolvidos às pastagens sendo repetidamente utilizados, embora com um período de descanso mínimo de 8 dias.
É de tal ordem importante para a Terceira esta actividade que durante o século XX, desde 1912 até 1994 aparecerem nesta ilha 29 ganadarias, algumas já extintas, e que se distribuíram pela seguinte 

ordem cronológica e de ganadeiros:

António Luís Parreira, fundada em 1912.

António Rocha Lourenço, fundada em 1914.

António Ventura, fundada em 1915.

Manuel Barcelos, fundada em 1925.

Francisco de Sousa (Cadelinha), fundada em 1927.

José Dinis Fernandes, fundada em 1932.

Patrício de Sousa Linhares, fundada em 1936.



Tomás de Borba, fundada em 1938.

António Fernandes, fundada em 1940.

António e João Luís da Costa, fundada em 1944.

José de Castro Parreira, fundada em 1953.

Rego Botelho, fundada em 1964.

Alvarino Inácio Gomes, fundado em 1956.

José Daniel Nogueira, fundada em 1960

José Albino Fernandes, fundada em 1967.

Manuel Almeida Júnior, fundada em 1967.

José Linhares da Silva (José Tomás), fundada em 1972.

José Cardoso Gaspar (Quinteiro), fundada em 1973.

António Vaz Lourenço (Rosa Cambada), fundada em 1974.

Ezequiel Vieira Rodrigues, fundada em 1975.

Eliseu Gomes, fundada em 1975.

José Gonçalves Silva (Faveira), fundada em 1980.



Humberto Filipe, fundada em 1983.

Teófilo Melo, fundada em 1988.

José Eduardo Fernandes, fundada em 1990.

Duarte Pires, fundada em 1990.

Irmãos Toste, fundada em 1991.

Francisco Gabriel Ourique, fundado em 1994.

Manuel João da Rocha, fundado em 1994.


sábado, 23 de outubro de 2021

A Açoriana que trabalhou em limpezas e hoje está no topo da Johnson & Johnson

 

Filha de imigrantes da ilha de São Jorge e de São Miguel, que vieram para os Estados Unidos em 1969, Lúcia foi este mês, aos 41 anos, nomeada vice-presidente de Tecnologias de Informação da multinacional Johnson & Johnson.

A sua ascensão no mundo dos negócios começou quando ainda estudava na universidade e trabalhava em vários locais para pagar os estudos.

"Um dos trabalhos que fiz foi ajudar a minha mãe a limpar casas. Um dia estava a falar com o Sr. Casey, cuja casa estava a limpar, e ele interessou-se pelo que eu estudava e o que queria fazer. Ele trabalhava na Fujitsu América, que estava a lançar uma divisão interactiva. Naquela altura, quase nenhuma empresa tinha um site e fui contratada para aprender a programar HTML", lembra.

Aos poucos, foi aprendendo mais sobre tecnologia e decidiu construir a sua carreira nesta área. "Foi como aprender mais uma língua. Apaixonei-me por ela no meio da excitação do Sillicon Valley e do seu espírito inovador", garante.

Lúcia começou por licenciar-se em línguas estrangeiras, na Universidade de San José, completou um mestrado em literatura na Universidade de Santa Cruz, e quando se voltou para a área dos negócios completou um MBA na Universidade de San Jose e procurou formação adicional em Harvard.

"Nunca procurei títulos. Procurei desafios, áreas em que podia expandir a minha aprendizagem e adquirir mais responsabilidade. Sempre gostei de dar forma a negócios e, com a minha experiência em tecnologia, esta posição é ideal para as minhas aspirações", explica à agência Lusa.

Quando Lúcia decidiu juntar-se à Johnson & Johnson, em 2002, fê-lo porque a companhia lhe "dava a oportunidade de juntar tecnologia com cuidados de saúde de formas que não eram possíveis antes da era da internet".


"Gosto de criar possibilidades onde outros acreditam que elas não existem. Gosto da ideia de dar a uma mãe e a um pai mais tempo com as suas crianças e entusiasma-me a possibilidade de mais pessoas terem acesso a cuidados de qualidade. Acredito que áreas como análise estatística avançada, tecnologia social e ferramentas móveis podem trazer oportunidades que não tínhamos antes", explica.

A multinacional é mais conhecida em Portugal pela sua linha de cuidados para bebé, incluindo o champô, mas a multinacional, que facturou 74.3 mil milhões de dólares no ano passado (cerca de 70 mil milhões de euros) e está presente em 175 países, tem uma vasta área de negócios ligados à tecnologia e saúde, que inclui medicamentos e material médico.

A liderança da empresa diz que a gestora foi escolhida por ter "um misto de capacidades tecnológicas, de estratégia e de execução."

Lúcia cresceu no norte da Califórnia, onde existe uma grande comunidade de imigrantes açorianos, e visita Portugal, onde passou a sua lua-de-mel, sempre que pode.

"Os meus pais sempre falaram português em casa com os cinco filhos. Crescemos a perceber a nossa língua nativa e a ter um gosto profundo por Portugal, a sua história e as nossas raízes", explicou à Lusa.


Em casa, a gestora só fala português com as duas filhas.

"Quando entrei na creche, não sabia falar inglês, apesar de ter nascido no país e sempre ter vivido nele. Mas as crianças aprendem línguas extremamente rápido e algumas semanas depois de começar a escola já sabia inglês suficiente para lidar com os meus colegas", garante.

A luso-americana acredita que ter nascido numa família de imigrantes foi determinante no seu percurso.


Cortesia I LOVE AÇORES



sexta-feira, 22 de outubro de 2021

A primeira grande vedeta feminina a surgir em Portugal era filha de um Açoriano

 

Emília das Neves de Sousa, a Linda Emília (Benfica, 5 de Agosto de 1820 — Lisboa, Santa Justa, 19 de Dezembro de 1883) foi uma actriz dramática portuguesa de grande relevo durante o século XIX, a primeira grande vedeta feminina a surgir em Portugal.

Era filha de Manuel de Sousa, um açoriano da Freguesia de São Bartolomeu dos Regatos, em Angra do Heroísmo, um dos Bravos do Mindelo, razão pela qual a freguesia lhe dedica a toponímia de um dos seus arruamentos, e filha de Benta de Sousa, nascida na freguesia de Benfica, Lisboa.

Emília das Neves Sousa foi amante de Luís da Câmara Leme e morreu no estado de solteira na sua casa do Rossio. Foi sepultada no cemitério do Alto de São João, no jazigo n.º 993 em 19 de Dezembro de 1883. Em Benfica, o arruamento que começa na Estrada da Da maia e termina na Avenida Grão Vasco, tem o seu nome.

Emília das Neves, a Linda Emília, surgiu nos teatros quando tinha 18 anos em 1838 e seria aplaudida até 1883. Trazida para o Teatro sob a égide de Alexandre Dumas, foi uma das grandes figuras do meio teatral português da geração romântica, ombreando com os os actores Epifânio, Teodorico da Cruz e Rosa-Pai. Ficaram memoráveis os seus desempenhos, em particular os seus papéis nas peças Judith, Proezas de Richelieu, Joana a Doida, Gladiador de Ravena e Maria Stuart.



quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Forte de São Brás de Vila do Porto ilha de Santa Maria Açores




Santa Maria, mesmo relativamente afastada das rotas das naus que retornavam das Índias e do Brasil, foi por diversas vezes atacada por corsários (Franceses em 1576, Ingleses em 1589 e piratas da Barbária em 1616 e 1675) em busca de suprimentos, e que aproveitavam as incursões para saquear e destruir solares, conventos, igrejas e ermidas, e capturar prisioneiros, escravizados ou, posteriormente, resgatados a bom preço.

A análise da obra do cronista seiscentista Gaspar Frutuoso, que descreveu as coisas mais notáveis da ilha e relatou as diferentes incursões de corsários até então, não mostra qualquer referência a esta fortificação, o que pode indicar que a mesma ainda não existisse por volta de 1586-1590.


Desse modo, acredita-se que a sua primitiva construção remonte ao início do século XVII, ou mesmo à segunda metade do mesmo século, quando o Capitão-mor João Falcão de Sousa, 10º capitão do donatário (1654-1657), exerceu o cargo de Superintendente das Obras de Fortificação da ilha.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, na Villa sobre o Porto." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Poucos anos mais tarde, o padre António Cordeiro, descreve as defesas da ilha:


"A defeza desta Villa, & de toda a Ilha, era de antes pouca, sendo que tem huma legoa de pòstos [portos] por onde podia ser entrada, & o foy então tres vezes, de Mouros, Inglezes, & Franceses; mas depois se lhe fizerão no Castello da praya dous Fortes com quatorze peças, & adiante hum Forte com algumas; na Villa dous Fortes com sua artelharia; o que tudo não só manda o Governador, & Capitão Donatario, [...] mas immediatamente hum Capitão de artelharia com trinta Artilheiros, além do Capitão mor, officiaes, & gente da ordenança; que quando pelas mais partes da Ilha, he por natureza inconquistavel, havendo alguem que das rochas só com pedras a defenda."


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Diogo de Teive nos Açores

 

Diogo de Teive era filho de Lopo Afonso de Teive, escudeiro da Casa do Infante e juiz ordinário na cidade do Porto, e de sua mulher Leonor Gonçalves Ferreira, irmã do bispo de Coimbra, D. Álvaro Ferreira, que governou aquela diocese entre 1431 e 1444.  Casou com Maria Gonçalves de Vargas, casamento de que nasceram o navegador João de Teive e Catarina Teive de Gusmão. Tal como seu pai, foi escudeiro da casa do Infante D. Henrique.


Por volta de 1450, e na sequência da doação da capitania da ilha Terceira a Jácome de Bruges, terá participado numa viagem de exploração àquela ilha, onde é apontada a sua presença em 1451. Por esse ano, e no ano seguinte, realizou pelo menos duas viagens de exploração para oeste do arquipélago dos Açores.

Em resultado dessas viagens, no ano de 1452 é atribuída a Diogo de Teive e João de Teive, seu filho do casamento com Leonor Gonçalves Vargas, a descoberta das ilhas das Flores (Flores e Corvo), as últimas a serem reconhecidas no arquipélago dos Açores. Esta descoberta ocorreu no regresso da sua segunda viagem, sendo aquelas ilhas inicialmente consideradas um novo arquipélago, com o nome de ilhas Floreiras ou ilhas Foreiras.


Nesta viagem, em exploração do Atlântico para noroeste, para além da descoberta das ilhas do Grupo Ocidental açoriano, terá reconhecido os bancos da Terra Nova, ou mesmo a Terra Nova, embora alguns autores contestem essa possibilidade.


Estas viagens às águas da América do Norte granjearam-lhe fama, sendo referido por D. Fernando Colombo na obra em que reconta a vida de seu pai, Cristóvão Colombo,  e por Bartolomé de Las Casas, como o navegador que cerca de 40 anos antes de Colombo empreendera uma viagem às Américas.


No regresso da sua viagem de 1452 foi ao Algarve dar notícia do reconhecimento das duas ilhas do ocidente açoriano. Sabe-se que após essa estadia no Algarve, ainda no ano de 1452, partiu para a ilha da Madeira para cumprir o contrato que estabelecera com o infante D. Henrique, assinado por este em Albufeira a 5 de dezembro de 1452, pelo qual se comprometia a construir naquela ilha um engenho de água para a produção de açúcar e a entregar a terça parte da sua produção ao infante.  Depois disto, passou a estar bem documentada a sua estada na ilha da Madeira, onde viveu até finais da década de 1460.

Por finais da década de 1460 passou à ilha Terceira, como ouvidor, uns dizem que do capitão Jácome de Bruges outros, talvez com mais razão, ouvidor do duque donatário. Na ilha Terceira fez as vezes de capitão, distribuindo dadas de terras e entrou em litígio com Jácome de Bruges devido à disputa pela posse da Serra de Santiago na Praia. Alguns investigadores sugerem que esteve relacionado com o desaparecimento do flamengo Jácome de Bruges, capitão do donatário da ilha Terceira. Essas sugestões fundamentam-se na historiografia tradicional, apoiada nos cronistas, que o indica como responsável pela morte do capitão Bruges, a quem teria mandado assassinar.


Com o seu filho, João de Teive, deteve direitos sobre as ilhas das Flores e Corvo até 1474, ano em que D. Fernão Teles de Meneses, 4.º senhor de Unhão, casado com D. Maria de Vilhena, comprou os direitos sobre as referidas ilhas. Essa compra foi confirmada por carta régia de 25 de Janeiro de 1475, e por ela fica-se a saber que Diogo de Teive foi senhor daquela ilha e que a transmitiu a seu filho João de Teive e que já tinha morrida nessa data. O problema é saber desde quando detinha o senhorio da ilha, porque não resta dúvida que a ilha das Flores e a do Corvo integraram a donataria do Infante D. Henrique e de D. Fernando. Possivelmente foi senhor das Flores depois da morte do infante D. Fernando, em 1470.

A historiografia tradicional açoriana narra que Diogo de Teive se dirigiu a Lisboa, onde pretendia dar avanço ao pleito que mantinha contra os herdeiros de Jácome de Bruges sobre a posse das terras situadas na Serra de Santiago, e que aí terá morrido, continuando seu filho, João de Teive, o referido pleito. Sobre a morte de Diogo de Teive em Lisboa a historiografia apresenta várias versões indocumentadas, a mais comum, seguida pelo padre António Cordeiro, reza que quando a esposa de Jácome de Bruges chegou à Corte, «nela achou preso a Diogo de Teive por crimes, que ali tinha cometido, e queixando‑se a El‑Rei de que ele lhe matara seu marido, El‑Rei o mandou notificar à prisão para que, dentro de dez dias, desse conta do capitão Bruges, ou declarasse onde estava vivo ou morto. Foi tal a paixão que concebeu Diogo de Teive com esta notificação régia, que logo ao sexto dia morreu». Outra versão diz: «Quis ele mesmo acompanhar os processos até Lisboa, julgando talvez que a sua presença seria o bastante para obter sentença favorável no tribunal superior; mas, sabendo previamente D. Afonso V, quais as suas perversidades, logo o mandou prender. D. Sancha Rodrigues d'Arce, tendo sido prevenida desta prisão, lançou-se aos pés de El-Rei pedindo justiça contra Diogo de Teive, a quem imputava o crime de assassinato na pessoa de seu defunto marido. Ouvida esta queixa com toda a atenção, por D. Afonso V, a quem sensibilizaram as lágrimas da desolada viúva, mandou intimar imediatamente o réu, na sua prisão, para que no prazo de dez dias desse conta de Jácome de Bruges, aliás procederia contra ele. Vendo Diogo de Teive que chegava a hora da expiação dos seus crimes, e que a sua consciência o arguia do mal que tinha feito, cheio de remorsos e vergonha, suicidou-se ao sexto dia, acabando por esta forma uma das causas principais da anarquia, que, por algum tempo, reinou na ilha Terceira».




domingo, 17 de outubro de 2021

Jornalista Robert Costa




Robert Costa nasceu a 14 de Outubro de 1985, em Richmond, Virgínia, o filho dos advogados Anne-Dillon (née Dalton) e Thomas E. Costa.  O seu pai trabalhou como advogado do gigante farmacêutico Bristol-Myers Squibb.  Tem três irmãos.  É de ascendência italiana  e Açoriana.

Cresceu em Lower Makefield Township, Bucks County, Pennsylvania, onde frequentou a Pennsbury High School e se formou em 2004. Enquanto Costa esteve em Pennsbury, o escritor Sports Illustrated Michael Bamberger traçou-lhe o perfil no livro Wonderland: Um Ano na Vida de uma Escola Secundária Americana .  Foi também amigo do actor Zach Woods e da jornalista Hallie Jackson, dois colegas estudantes da Pennsbury .


Costa foi notado durante o liceu por trazer músicos de rock como John Mayer, Eve 6, e Maroon 5 para actuarem na escola. Também fez reportagens para o The Bucks County Courier Times, entrevistando bandas e revendo concertos na área de Filadélfia, e cobriu desportos profissionais e locais para a PHS-TV, a estação de televisão estudantil .´

Obteve um bacharelato em estudos americanos pela Universidade de Notre Dame em 2008 e um mestrado em política pela Universidade de Cambridge em 2009. Durante a sua estadia em Notre Dame, Costa realizou estágios na PBS' Charlie Rose, ABC's This Week with George Stephanopoulos, e na Câmara dos Comuns do Reino Unido. No campus, organizou e produziu um programa de entrevistas para a ND-TV chamado Office Hours.

Em Cambridge, Costa foi um membro activo da The Cambridge Union debatendo a sociedade e focou a sua pesquisa em Winston Churchill e nas relações Reino Unido-Estados Unidos. O seu conselheiro foi Andrew Gamble, um académico e autor britânico.


Costa fez parte do conselho de administração da Notre Dame de 2014 a 2017 e actualmente faz parte do conselho consultivo da Donald R. Keough School of Global Affairs.

Costa foi um Robert L. Bartley Fellow no The Wall Street Journal.  Em 2010, foi contratado como repórter pela revista conservadora National Review.  Em Dezembro de 2012, foi promovido ao cargo de editor de Washington para a National Review.  Enquanto esteve na National Review, Costa foi colaborador da CNBC, aparecendo no The Kudlow Report, e da MSNBC .

Em 2013, durante o encerramento do governo federal dos Estados Unidos, a reportagem de Costa sobre o partido republicano no Congresso foi amplamente elogiada.  A Nova República chamou-o "o repórter mais importante do país nas últimas semanas"  e o escritor Slate David Weigel chamou-o "omnipresente" .  A revista New York chamou-o "o menino de ouro do encerramento do governo".
Costa não identificou publicamente as suas opiniões políticas, dizendo apenas que não faz parte da "equipa conservadora" , tendo citado Robert Caro  e Tim Russert  como influências.



Em Novembro de 2013, deixou a National Review para o The Washington Post, juntando-se oficialmente ao jornal em Janeiro de 2014 Newsbusters, um website de vigilância dos media para a organização conservadora Media Research Center, disse que foi "talvez a primeira vez em décadas que um jornalista de alto nível 'mainstream' contratou um repórter de uma publicação de limpeza à direita".

Em 10 de Dezembro de 2015, Costa foi nomeado analista político da NBC e da MSNBC. Costa é conhecido pelo seu profundo conhecimento dentro dos círculos políticos nacionais. Ele entrevistou o Presidente Donald Trump em várias ocasiões. Politico chamou-lhe o "Sussurrador de Trump".


Em Março de 2016, Costa entrevistou Trump com Bob Woodward,  que foi seu mentor. Costa serviu como anfitrião convidado de Charlie Rose da PBS em Março de 2017.


Em Abril de 2017, Costa foi anunciado como o moderador permanente do programa de notícias da PBS da Washington Week, após a morte da moderadora de longa data Gwen Ifill, de cancro .  Costa acolheu frequentemente os principais repórteres do programa. "Sempre trabalhei para ser altamente disciplinado na minha reportagem. ... para ser sensível à objectividade constante", disse Costa à Associated Press em 2017.  A 1 de Janeiro de 2021, Costa acolheu o seu último episódio do programa da Semana de Washington na PBS. Deixou o programa de televisão para escrever um livro com Bob Woodward . O livro, intitulado Peril, foi lançado em Setembro de 2021.



quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Escravos Açorianos no Brasil





Na década de 30, surgiu a expressão “escravatura branca”, usada pela primeira vez pelo secretário de Estado José Maria Capelo, referindo-se ao tráfico de migrantes, vindos especialmente dos Açores, Madeira e norte de Portugal.

Em inícios de 1839, o deputado Almeida Garrett denunciava igualmente o fenómeno, dando particular relevo aos Açores, pela sua população estar sujeita a uma manifesta desigualdade em relação ao continente. Em 1840, o deputado Sá Nogueira alertava para a necessidade de manter uma comissão que propusesse meios de travar este fenómeno nocivo.

Em 1842, por intervenção do Ministério da Marinha e do Ultramar, o governo procurou restringir o tráfico da escravatura açoriana, o que se revelou difícil, já que nenhuma lei proibia a mudança de domicílio.



Mesmo assim, publicou-se uma portaria pelo Major General da Armada, os seus intendentes e outras autoridades que, entre outras medidas, obrigava à apresentação de passaporte, e ao transporte de passageiros em conformidade com as regras definidas (o que incluía um abastecimento de comestíveis e de água).

De pouco resultaram estas medidas, porque em 1859, os índices de emigração clandestina nos Açores chegaram a tal nível que o Primeiro-Tenente da Armada, Aires Pacheco Lamare, foi destacado para ir à ilha de S. Miguel, de forma a propor os meios adequados para pôr travão ao fenómeno.

Os imigrantes recebiam passagens,   pagamentos de deslocamentos até as fazendas. Alimentação e local para morada, tudo seria pago com prestação de serviços até cumprirem o contrato. Assim começavam as desditas desses contratados. Com as dificuldades em juntar dinheiro, a maioria não conseguia liquidar as dividas e tornava-se cativa dos patrões.   A situação piorava quando o imigrante se encontrava em situação irregular com o Estado, quando entrava no país de forma clandestina.


Com receio de procurar alguma autoridade, tornava-se um marginal sem direitos e muitas vezes caía no crime. Só bem mais tarde, no século passado,  o Consulado Português  tomou uma atitude controlando e avaliando os  contratos  de trabalho, para tentar proteger o imigrante contra os especuladores e desmandos de patrões desumanos.

Com o tempo os imigrantes portugueses perceberam que nas actividades urbanas e no Comércio poderiam ter mais chance de independência financeira. Mas os açorianos, na imensa maioria analfabetos, sem alternativa de escolha de trabalho,  iam para as fazendas produtoras de café, na zona rural. Os que escolhiam ficar na cidade faziam trabalhos braçais como conduzir ou puxar carroças ( os burros sem rabo) ou trabalhar em Chácaras perto da cidade, cuidando de plantas e gado.



Numa amostragem oficial do inicio do século passado, no Rio de Janeiro, de 182 imigrantes homens açorianos (oriundos do Faial), 120 eram solteiros, apesar de terem mais de 40 anos. O motivo declarado era a dificuldade de ter ganhos para sustentar uma família.

No contingente açoriano vinham também mulheres, casadas e solteiras. Ramalho Ortigão dizia do apreço dos fazendeiros brasileiros pelas jovens açorianas, chegando a pedi-las por "encomenda! É sabido de casos em que eram empregadas em serviços domésticos e outros serviços não tão honrados, dependendo da aparência que possuíam.  Na luta pela sobrevivência, sem qualificação profissional, nas cidades,  muitas se entregavam à prostituição, morrendo não raro de doenças, ditas antigamente venéreas,  em cortiços infectos,  sozinhas.

Mas dentre tantas tristes histórias haviam também aqueles que sobreviveram e que "fizeram a  América". No inicio do século passado, as estatísticas dos Açores diziam que em cada 10 emigrantes, 3 morriam, 3 voltavam mais pobres e haviam aqueles poucos que voltavam com a saca cheia! O resto ficava e não voltava mais. Os que constituíam nova família, a família brasileira. Basta comprovar na História os brasileiros filhos ou netos de açorianos que marcaram presença,  Machado de Assis, Getúlio Vargas, João Goulart, Cecilia Meirelles, Érico Veríssimo, Euclides da Cunha, Pedro Nava, Guimarães Rosa ...e tantos outros que têm nas veias o sangue açoriano.



domingo, 10 de outubro de 2021

As primeiras famílias que povoaram os Açores




Francisco Dias do Carvalhal


Francisco Dias do Carvalhal foi o depositário em Angra, actual cidade de Angra do Heroísmo dos cofres de ouro da casa real, que vinham da índia e de São Jorge da Mina, Estado Português da Índia e África.

Garcia de Castro


Garcia de Castro (? - ilha Terceira, Açores, Portugal) A família Castro dos Açores é descendente de D. Garcia de Castro irmão do 1° conde de Monsanto, os quais eram filhos de D. Fernando de Castro, senhor do Paul do Boquilobo, que foi Governador da Casa do infante D. Henrique, de D. Isabel de Ataíde, netos paternos D. Pedro de Castro, Senhor do Cadaval e de outras terras, e de D. Leonor Teles de Meneses; e bisnetos de D. Pedro Pires de Castro, Conde de Arraiolos e 1º Condestável de Portugal, e da condessa D. Maria Ponce de Leão.

Gaspar Munhoz de Castil Blanque

Gaspar Munhoz de Castil Blanque (Reino de Castela, século XVI - ?) foi alferes-mor e capitão da Fortaleza de São João Baptista de Angra do Heroísmo.





Inês Martins Cardoso

Inês Martins Cardoso foi juntamente com o seu marido Álvaro Martins Homem, 1.º Capitão donatário da Praia, actual cidade da Praia da Vitória um dos primeiros povoadores da ilha Terceira.


Jácome de Bruges



Jácome de Bruges (em flamengo: Jacob van Brugge; século XV) foi um nobre flamengo, da região de Bruges e o 1.º capitão do donatário na ilha Terceira.

Jerónimo Gonçalves Teixeira

Jerónimo Gonçalves Teixeira ou D. Jerónimo Gonçalves Teixeira Souto Mayor (Trás-os-Montes, Portugal, 1490 —?) foi um dos primeiros povoadores portugueses da ilha de São Jorge, Açores.



sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Quem eram os primeiros povoadores do Arquipélago dos Açores






Afonso Vaz de Azevedo

Afonso Vaz de Azevedo foi um dos povoadores dos Açores cujas famílias actuais descendem, uns, de Afonso Vaz de Azevedo, e, outros, de Fernão Vaz de Azevedo, seu sobrinho, os quais passaram nos fins do século XV à ilha Terceira, Açores, onde foram dos primeiros povoadores.

Aleixo Dias da Cunha

Aleixo Dias da Cunha (Ribeira Seca, Ilha de São Jorge, Açores, 1628 — Ribeira Seca, Ilha de São Jorge, Açores, 4 de Dezembro de 1704) foi produtor agrícola em terras próprias e militar do exército português na especialidade de infantaria.




Amaro Silveira Borges

Amaro Silveira Borges (ilha de São Jorge, Açores —?) foi sargento-mor da Vila do Topo e Capitão-mor na ilha de São Jorge com provimento datado de 27 de março de 1733 e com nomeação por Carta Patente do rei D. João V de Portugal datada de 22 de novembro de 1736.

André de Cacena

André de Cacena foi um nobre português e um dos primeiros povoadores da ilha terceira nos Açores.


Antão Gonçalves de Ávila

Brasão de um ramo da família Ávila dos Açores. Antão Gonçalves de Ávila A família Ávila dos Açores descende da nobre geração e linhagem dos Ávilas, de Castela a Velha, onde tinham o seu solar.


António Coelho da Costa

António Coelho da Costa (? – ilha Terceira, Açores, Portugal) foi capitão de Ordenanças na ilha Terceira, foi Fidalgo de cota de armas em 1733.

António de Barcelos Machado Evangelho

António de Barcelos Machado Evangelho (Conceição, Angra do Heroísmo 9 de Junho de 1740 - Sé, Angra do Heroísmo 3 de Outubro de 1805) foi produtor Agrícola em terras próprias e militar do exército português na especialidade de infantaria.



quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Alfred Lewis fundador do romance luso-americano nasceu na ilha das Flores Açores

 

Romancista, contista, poeta e dramaturgo, Alfred Lewis, nascido Alfredo Luís, em 1902, na ilha das Flores, emigrou para os Estados Unidos aos 19 anos de idade, em 1922, nos últimos anos da segunda onda de emigração portuguesa para aquele país.

Lewis era filho de baleeiro, imigrante pertencente à primeira onda ligada à indústria baleeira americana, cujos grandes barcos faziam escala nos Açores para reabastecimento e recolha de tripulantes.

Se, como profissional, Lewis granjeou um certo êxito (formou-se em Direito e exerceu o cargo de Juiz Municipal), não foi menos o seu triunfo nas letras. Com efeito, Lewis tornou-se o primeiro e único imigrante português a conquistar a atenção do público vasto de língua inglesa.



Ele é autor de contos publicados numa revista literária de prestígio nacional, Prairie Schooner, tendo estes relatos dramáticos, que descrevem uma sociedade multi-racial, composta de mexicanos, portugueses, arménios e anglo-americanos, merecido referência numa antologia de grande renome, The Best American Short Stories, dois anos seguidos, em 1949 e 1950.


O seu maior sucesso editorial foi "Home is an Island" (1951), romance autobiográfico cujo protagonista jovem está prestes a emigrar para a América, descrevendo a vida numa pequena aldeia nos Açores, no princípio do século XX