Páginas

terça-feira, 31 de agosto de 2021

João de Castro Canto e Melo 1º Visconde de Castro nasceu na ilha Terceira Açores em 1740

 


João de Castro Canto e Melo,  1º Visconde de Castro  nasceu na ilha Terceira em  1740  e faleceu  em São Paulo ou Rio de Janeiro a  2 de Novembro de 1826 . Foi um militar e nobre açoriano-brasileiro.

Filho de João Baptista do Canto e Melo, da Terceira (tetraneto por varonia de António Pires do Canto, Moço Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo, .º Provedor das Armadas e Naus da Índia (Cargo Hereditário, 26 de Março de 1560) e 1º Senhor do 1º Morgado da Casa-Solar de Nossa Senhora dos Remédios, instituído por seu pai, e de sua mulher (1544) D. Catarina de Castro, ascendentes da I Linha dos do Canto e Castro, e quinto neto de Pero Anes do Canto e de sua primeira mulher Joana Abarca), e de sua mulher Elisabeth (Isabel) Ricketts, da Jamaica, filha de George Ricketts e de sua mulher Sarah White, ambos de Inglaterra.

Seguiu a carreira do Exército, onde atingiu o posto de Brigadeiro do Exército Imperial.



Veio para São Paulo em 1772. Participou, com distinção, nas Campanhas do Rio Grande do Sul, tendo chegado a Coronel do Exército Brasileiro.


Era Grande do Império, Camarista de Sua Majestade D. Pedro I, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real Portuguesa e Comendador da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Imperial Ordem de São Bento de Avis, etc.


Agraciado com o título nobiliárquico de Visconde com honras de Grandeza por D. Pedro I do Brasil a 12 de Outubro de 1826.  Usava por Armas um escudo partido, 1.º do Canto e 2.º de Castro de seis arruelas, e timbre de do Canto.

Casou-se em 1784 com Escolástica Bonifácia de Toledo Ribas, natural de São Sebastião, São Paulo, filha do tabelião José Bonifácio Ribas e de sua mulher Ana Maria de Toledo e Oliveira. A esposa era 22 anos mais nova que João de Castro.

O casal foi pai de João de Castro do Canto e Melo (2.º Visconde de Castro), Pedro de Castro do Canto e Melo, José de Castro do Canto e Melo, Francisco de Castro do Canto e Melo, Ana Cândida de Castro do Canto e Melo (que se casou com o Brigadeiro Carlos Maria de Oliva, de Lisboa), Maria Benedita de Castro do Canto e Melo (que se casou com Boaventura Delfim Pereira, Barão de Sorocaba), e de Domitila de Castro do Canto e Melo, a Viscondessa com Grandeza e Marquesa de Santos.




quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Solar dos Carvalhais na cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 

O Solar dos Carvalhais é um solar português, localizado na ilha açoriana da Terceira, concelho de Angra do Heroísmo, freguesia da Sé.


Este solar foi residência da família Carvalhal do século XVII até meados do século XIX. Localiza-se na Rua de Jesus, número 10, defronte a travessa dos Carvalhais , no Centro Histórico de Angra do Heroísmo, debruçado sobre a Baía de Angra do Heroísmo.


Segundo os historiadores esta família descende originalmente de D. Álvaro Gil de Carvajal de quem terá derivado Carvalhal.

Este Álvaro Gil de Carvajal passou ao reino de Portugal em 1300 onde foi senhor da localidade de Évora Monte. Foi também em Portugal pai de D. Pedro Gonçalves de Carvalhal (? — 1320), tendo este sido Alcaide-mor de Almada e casado com D. Aldonça Rodrigues da Silva (? — 1320), filha de D. Martim Gomes da Silva (? — 1260) e de Teresa Garcia de Seabra (? — 1285).


Entre outras publicações, Álvaro Gil de Carvajal aparece na Crônica dos Carmelitas, impresso em 1745, quando o cronista se refere à ascendência de D. Nuno Álvares Pereira, que foi um dos personagens mais importantes da história de Portugal.


O Condestável D. Nuno Álvares Pereira era filho de Iria Gonçalves do Carvalhal, natural de Elvas, e sobrinho de Martim Gonçalves do Carvalhal, que foi senhor de Monsaraz e alcaide-mor de Tavira. Martim e Iria aparecem nesta crônica como sendo filhos de Álvaro Gil de Carvajal.


Álvaro Gil de Carvajal foi bisneto de Gonçalo Gonçalves de Carvajal que também passou ao reino de Portugal, segundo Salazar de Castro, cerca do ano 1300.

Desta linhagem descendem algumas das mais antigas famílias medievais portuguesas e algumas das casas reinantes da Europa.


Alguns autores registram Gonçalo Gonçalves de Carvajal como filho natural do rei D. Bermudo II de Leão. Tomaram desta família o apelido Carvajal, junto da cidade de Leão, do qual tiveram o senhorio.


O brasão atribuído aos Carvalhais do ramo iniciado por Álvaro Gil de Carvajal é o mesmo que foi utilizado pelos Carvalhais que viveram em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores, como pode ser visto em uma cadeirinha de tração humana, de meados do século XVIII, pintada na porta com o Brasão do Morgado Carvalhal. Essa família dos açores tem início conhecido, conforme pesquisa de Mendes e Forjaz, em Guimarães, Portugal, por volta de 1380, mas, como usaram o mesmo brasão, podem estar ligados a Álvaro Gil de Carvajal.

Francisco Dias do Carvalhal e seu irmão Gonçalo Dias do Carvalhal foram os primeiros deste apelido a chegar nos Açores por volta de 1530.


Há, porém, uma família Carvalhal que não tem correlação com a família Carvalhal acima descrita. António Marques do Soveral mudou-se para Beijós, Portugal em 1816, oriundo da localidade de Carvalhal Redondo, e com isso ganhou o apelido Carvalhal dos habitantes da aldeia. Seus descendentes adotaram o apelido Carvalhal como sobrenome.



quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Governadores Castelhanos da Fortaleza de São João Baptista da Ilha Terceira Açores



Fortaleza de São João Baptista, Angra do Heroísmo: Ermida de Santo António.


1583 – 1591 – Mestre-de-campo Juan de Urbina (também grafado como "d'Horbina");

1591 – 1592 - Capitão Diego Soares Y Salazar;



1592 – 1594 – Mestre-de-campo D. António de la Puebla;

1594 – 1600 – Mestre-de-campo D. António Sentono;

1600 - 29 de maio de 1601 - Marechal-de-campo D. Diego de Miranda Queiroz (também grafado como "Diogo");
29 de maio de 1601 - 1602 – Capitão Pedro de Herédia (interino);

1602 - 12 de novembro de 1607 – Marechal-de-campo D. Diogo de Miranda Queiroz;
12 de novembro de 1607 - 1609 - Capitão Francisco de La Rua (interino);



1609 - 16?? – Capitão D. Pedro Sarmiento;
16?? - 1614 - um irmão do Capitão D. Pedro Sarmiento;

1614 - 1615 – Capitão D. João Pestana (ou Ponce);

1615 - 23 de outubro de 1618 – Mestre-de-campo D. Gonçalo Mexia (também grafado como "Mechia"; ergueu a Ermida de Santo António e a Quinta do Regalo);

1618 – Sargento-mor Alonso Verdejo (interino);

1618 - 2 de maio de 1621 – Mestre-de-campo D. Juan Ponce de Leon;



1621 – Tenente D. Alonzo Zimbron (interino);

1621 - 14 de março de 1625 – Mestre-de-campo D. Pedro Estebán de Ávila;
14 de junho de 1625 - 1628 – Mestre-de-campo D. Inigo Hurtado de Corenera y Mendonza (também grafado "Cercuera");

1628 - 1639 – Mestre-de-campo D. Diego Fajardo (também grafado "Diogo");

1639 - 4 de março de 1642 – Mestre-de-campo D. Álvaro de Viveiros.



terça-feira, 24 de agosto de 2021

Quem foi Curry Cabral


José Curry da Câmara Cabral nasceu na cidade da Horta, Açores, a 4 de Maio de 1844, filho de Alberto Curry da Câmara Cabral e de sua mulher, Mariana Adelaide Runquist Cabral. O pai pertencia a uma família de origem inglesa que na pessoa de Andrew Curry, seu tetravô, se fixara nos Açores no século XVIII, tendo-se ligada a algumas das mais influentes famílias locais, com destaque para os Arriaga
Residiu quase toda a vida em Lisboa, onde se matriculou na respectiva Escola Médico-Cirúrgica em 1864, tendo, depois dum curso distinto, defendido a sua teses inaugural a 23 de Julho de 1869, apresentando um trabalho intitulado As feridas articulares e a cirurgia conservadora, a propósito de um caso observado na enfermaria de clínica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que depois foi publicado .



Obtida a licenciatura, Curry Cabral iniciou a 7 de Fevereiro de 1870 actividade profissional no Hospital de São José, em Lisboa, exercendo as funções de cirurgião do banco de urgências, passando, a 10 de Dezembro de 1874, às funções de cirurgião extraordinário. A 2 de Julho de 1885 foi nomeado director da enfermaria, até atingir em 1900 o cargo de enfermeiro-mor, a que correspondia a direcção clínica daquele hospital. Como enfermeiro-mor, Curry Cabral, reformou o sistema administrativo daquele hospital, levando à aprovação de um novo regulamento para os internamentos, que vigorou em todos os hospitais portugueses. Para além do seu trabalho no Hospital de São José, foi ainda cirurgião-mor de enfermaria nos hospitais de Santa Quitéria e de D. Estefânia .


Entretanto iniciou a sua carreira académica, sendo nomeado por decreto de 11 de Dezembro de 1873, após concurso, preparador e conservador do Museu de Anatomia da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Exerceu aquele cargo até 10 de Fevereiro de 1876, data em que foi nomeado lente substituto da secção cirúrgica daquela Escola, ingressando assim na respectiva docência.
Como docente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa foi promovido a lente proprietário da secção cirúrgica, por decreto de 8 de Novembro de 1876, sendo-lhe confiada a regência da cadeira de Anatomia Patológica, vaga pela transferência do lente António Maria Barbosa, um conterrâneo faialense. Mais tarde, aquando da jubilação do professor Barbosa, a 21 de Novembro de 1889, Curry Cabral pediu transferência para a cadeira de Medicina Operatória, o que obteve de imediato.



Publicou numerosas obras de natureza científica e académica, tendo sido um dos redactores da revista Medicina Contemporânea, um hebdomadário de ciências médicas que se publicou em Lisboa no ano de 1883. A sua fama como cientista e como professor de ciências médicas levou a que fosse de feito membro de várias associações científicas, nacionais e estrangeiras, entre as quais da Societé d'Hygiene de Paris, e eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa. Entre 1898 e 1900 foi presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa. Exerceu também as prestigiosas funções de vogal do Conselho Superior de Instrução Pública.


Foi o principal impulsionador da instalação em Lisboa de um hospital para tuberculosos e outros pacientes de doenças infecto-contagiosas. Aquele hospital, ainda hoje conhecido popularmente como Hospital do Rego, foi erguido no local onde assentou o Convento das Convertidas de Nossa Senhora do Rosário, de religiosas franciscanas, fundado depois de 1768. Inaugurado em 1906, por obra do governo de Hintze Ribeiro, com o nome de Hospital do Rego, aquela instituição deu origem ao actual Hospital Curry Cabral, assim denominado, no ano de 1929, em homenagem ao Professor José Curry da Câmara Cabral.


Curry Cabral foi agraciado em 1904 com a comenda da Ordem de Santiago da Espada. Foi um clínico de prestígio, considerado a par de Sousa Martins, Manuel Bento de Sousa e Oliveira Feijão, uma das mais ilustres figuras da medicina portuguesa dos inícios do século XX.


segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Os irmãos Mello dos Açores na cidade de Itu




Pouco se tem falado da importância dos Açores na colonização de São Paulo. Este arquipélago do Oceano Atlântico foi descoberto (ou redescoberto) por Frei GonçaloVelho, e por séculos grande parte de sua população passou para o nosso país, povoando-o de norte a sul. Muitos partiram em busca de maior espaço no novo continente, outros assustados e temerosos de continuarem numa região que, de quando em quando sofria as ações dos terremotos e maremotos, outros ainda pelos constantes ataques de piratas muçulmanos e ingleses. Há quase trezentos anos, três irmãos Mellos, João de Mello do Rego, Matias de Mello do Rego e Pedro de Mello e Souza, das melhores famílias da Ilha de São Miguel, a maior  ilha dos Açores, partem provavelmente da cidade de Ponta Delgada com destino à então vila de Itu, que se igualava a São Paulo em termos de importância. Lá chegando,se uniram com gente da mesma qualidade, pois os dois mais velhos  casaram com duas irmãs, filhas do também açoriano Sebastião de Arruda Botelho, e o mais novo dos três casou-se com uma neta do mesmo Sebastião.


É certo que o velho açoriano, um dos troncos da família Arruda Botelho no Brasil, conhecesse, e bem, a nobreza dos Mellos, já que eramoriundos do mesmo distrito de Ponta Delgada, muito embora de concelhos diferentes. A ascendência deles consta de instrumentos passados no ano de 1704, um em Lagoa, e outro na cidade de Ponta Delgada, ambos na Ilha de São Miguel, a favor do tio deles, o Capitão Manoel do Rego de Souza, que "em 1704 justificou judicialmente a sua ascendência paterna para mostrar que era nobre e de sangue limpo, porque um João do Amaral, dos Fenais  da Luz, que fora preso no Castelo de Ponta Delgada, por ordem deste Manoel do Rego de Souza, que era capitão de ordenanças, quando foi solto  chamou o  mulato; ajustificação foi sentenciada a 22 de outubro de 1704, em Ponta Delgada, sendo o réu João de Amaral condenado a pena pecuniária." Os irmãos Mellos arquivaram um traslado destesinstrumentos na Câmara de Itu, conforme nos ensina Silva Leme , informação esta talvez passada por Pedro de Mello e Souza, bisneto de um dos troncos, colaborador de Silva Leme para a sua "Genealogia Paulistana". O amigo, primo e genealogista Celso Maria de Mello Pupo, bisneto deste Pedro de Mello e Souza, nos diz que quando  o seu bisavô era consultado por noivos para saberem se haveria ou não um parentesco dentro de grau proibido, deixava vazar grandes conhecimentos das famílias antigas de Itu, e,elogiado, dizia que ele pouco sabia, e o pouco que sabia tinha  aprendido de seu pai Balduíno de Mello Castanho e Sampaio, e este sim é que era profundo conhecedor do assunto.


sexta-feira, 20 de agosto de 2021

"E Portugal já foi só aqui!"

 

Pedro de Merelim, pseudónimo de Joaquim Gomes da Cunha  nasceu em São Pedro de Merelim a 11 de Julho de 1913  e faleceu em Angra do Heroísmo a 27 de Novembro de 2001.  Foi um militar, historiador e etnógrafo dos Açores. No Exército Português alcançou o posto de sargento.

Nascido no concelho de Braga, foi para os Açores integrado no Corpo Expedicionário Português enviado paro o arquipélago durante a Segunda Guerra Mundial. Fixou-se em Angra do Heroísmo, onde desenvolveu um importante labor de investigador da história e tradições locais, tendo publicado volumosa obra sobre esses temas.


É o autor da frase "E Portugal já foi só aqui!", publicada no número especial do jornal terceirense "A União" em 1958, quando da visita do então presidente da República, general Craveiro Lopes.


Obras:


Guia Turístico da Terceira, Agência Teles, Angra do Heroísmo, 1948.

A Terceira ajoelhada aos pés da Virgem de Fátima, Tipografia Moderna, Angra do Heroísmo.

Subsídios para a história do futebol na ilha Terceira, Angra do Heroísmo, 1956.

Asilo de Mendicidade, sumário histórico no 1.º centenário da fundação, Angra do Heroísmo, 1960.

Notas sobre os conventos da ilha Terceira, 3 volumes, A União, 1960, 1963 e 1964.

Memória histórica da edificação dos Paços do Concelho, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1966 (reeditado em 1973 e em 1984).

Os Hebraicos na ilha Terceira, revista Atlântida (1968), reeditado pelo autor em 1995.

Filarmónica recreio dos Artistas, edição da Filarmónica, Angra do Heroísmo, 1967.

Memória sobre o Serviço de Incêndios, 78 pp., Associação de Bombeiros Voluntários de Angra, 1969.

Caixa económica da Santa Casa da Misericórdia de Angra, Santa Casa da Misericórdia de Angra, 1971.

Toiros e touradas na ilha Terceira, União Gráfica Angrense, 1970.

Memória histórica do Salão Municipal, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1970.

Rádio Clube de Angra, 192 pp., edição do Radio Clube de Angra, Angra do Heroísmo, 1972.

As 18 Paróquias de Angra, 874 pp., Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1974.

Fernando Pessoa e a ilha Terceira, 123 pp., Colecção Ínsula, Angra do Heroísmo, 1975.

A laranja na ilha Terceira, 91 pp., inserto em A União, 1976.

Serviços Municipalizados de Angra, 201 pp., Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1979.

Cooperativas que houve na Terceira, Angra do Heroismo.

Freguesias da Praia, 2 volumes, 797 pp., Direcção Regional de Orientação Pedagógica, Angra do Heroísmo, 1983.

Merelim (São Pedro), 545 pp., Junta de Freguesia de Merelim, 1989.

Adenda à Monografia de Merelim (São Pedro), Junta de Freguesia de Merelim, 1995.

Açorianos ministros de Estado, edição do autor, Angra do Heroísmo, 1996.

Monografia da Agência Teles, Agência Teles, Angra do Heroísmo, 1996.


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Angra do heroísmo ilha Terceira Açores, 487 anos de cidade


O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada "angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior tonelagem, as naus. Tinha como vantagem a proteção de todos os ventos, exceto os de Sudeste.

As primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas íngremes de traçado tortuoso dominadas por um outeiro. Neste, pelo lado de terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, à semelhança do urbanismo medieval europeu: o chamado Castelo dos Moinhos.

Por carta passada pela Infanta Dna. Beatriz em 2 de abril de 1474, a capitania de Angra foi doada a Álvaro Martins Homem, que ao tomar posse dela deu início aos trabalhos da chamada Ribeira dos Moinhos, aproveitando a forças de suas águas e lançando as bases para o futuro desenvolvimento económico da povoação. A partir da proteção propiciada pelo Castelo dos Moinhos (atual Alto da Memória), o casario acompanhou a Ribeira dos Moinhos até à baía, primitivamente por ruas e vielas sinuosas – ruas do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, das Alcaçarias – cuja toponímia conservou a memória de suas actividades económicas. Martins Homem deu início à chamada Casa do Capitão, posteriormente acrescentada por João Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização da Ribeira, à construção do primitivo Cais da Alfândega, da muralha defensiva da baía de Angra e do Hospital de Santo Espírito.


Ao mesmo tempo, liberava a área do vale para que, de acordo com os princípios do urbanismo do Renascimento, pudessem ser abertas ruas obedecendo a um plano ortogonal, organizadas por funções, de acordo com as necessidades do porto que crescia com rapidez. Nesse plano ortogonal serão abertas as ruas da Sé e Direita, ligando os principais elementos da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor, os celeiros do Alto das Covas e a Câmara Municipal nos do braço maior. Ao longo do século XVI a cidade crescerá até ao Alto das Covas e a São Gonçalo, embora com ruas de traçado mais irregular.

Desse modo, em poucos anos, desde 1478, a povoação fora elevada à categoria de vila e, em 1534, ainda no contexto dos Descobrimentos, foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade.  No mesmo ano, foi escolhida pelo Papa Paulo III, pela bula Æquum reputamus, para sede da Diocese de Angra, com jurisdição sobre todas as ilhas do arquipélago dos Açores.

As razões para esse vigoroso progresso deveram-se à importância do seu porto como escala da chamada Carreira da Índia, centrado na prestação de serviços de reabastecimento e reaparelhamento das embarcações carregadas de mercadorias e de valores. Por essa razão desde as primeiras décadas do século XVI aqui foi instalada a Provedoria das Armadas, com essa função e a de apoiar a chamada Armada das ilhas. Posteriormente, no contexto da Dinastia Filipina, a estes vieram justar-se os galeões espanhóis carregados de ouro e prata, oriundos das Índias Ocidentais, numa rota que se estendia de Cartagena das Índias, passava por Porto Rico e por Angra, e alcançava Sevilha. Para apoiar essas fainas, foram implantados os primeiros estaleiros navais, na Prainha e no Porto das Pipas, e as fortificações que fecham a baía: o chamado Castelo de São Sebastião e o de São João Baptista.
A cidade, mais de uma vez, teve parte ativa na história de Portugal: à época da Crise de sucessão de 1580 resistiu ao domínio Castelhano, apoiando António I de Portugal que aqui estabeleceu o seu governo, de 5 de Agosto de 1580 a 6 de Agosto de 1582. O modo como expulsou os espanhóis entrincheirados na fortaleza do Monte Brasil em 1641 valeu-lhe o título de "Sempre leal cidade", outorgado por João IV de Portugal.


Posteriormente, aqui esteve Afonso VI de Portugal, detido nas dependências da fortaleza do Monte Brasil, de 21 de Junho de 1669 a 30 de Agosto de 1684.

Posteriormente Angra constitui-se na capital da Província dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos Capitães-generais, por Decreto de 30 de Agosto de 1766, funções que desempenhou até 1832. Foi sede da Academia Militar, de 1810 a 1832.


No século XIX, Angra constitui-se em centro e alma do movimento liberal em Portugal. Tendo abraçado a causa constitucional, aqui se estabeleceu em 1828 a Junta Provisória, em nome de Maria II de Portugal. Foi nomeada capital do reino por Decreto de 15 de Março de 1830. Aqui, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), Pedro IV de Portugal organizou a expedição que levou ao desembarque do Mindelo e aqui promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime, como o que criou novas atribuições às Câmaras Municipais, o que reorganizou o Exército Português, o que aboliu as Sisas e outros impostos, o que extinguiu os morgados e capelas, e o que promulgou a liberdade de ensino no país.


Em reconhecimento de tantos e tão destacados serviços, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 conferiu à cidade o título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo", e a Rainha D. Maria II de Portugal condecorou-a com a Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

A cidade sempre teve forte tradição municipalista, e a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita, já em 1831, após a reforma administrativa do Constitucionalismo (Decreto de 27 de Novembro de 1830).


Em Angra encontraram refúgio Almeida Garrett, durante a Guerra Peninsular, e a rainha Maria II de Portugal entre 1830 e 1833, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). Por aqui passou Charles Darwin, a bordo do "HMS Beagle", tendo aportado a 20 de Setembro de 1836.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Palácio de Santa Luzia cidade de Angra do Heroísmo ilha Terceira Açores

 


A história do Palácio de Santa Luzia que se localizava nos limites do centro histórico da cidade e Concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores e que também é denominado Solar de Santa Luzia tem a sua origem nos primeiros povoadores da ilha Terceira, mais exactamente na pessoa de Álvaro Vaz Merens que chegou a esta ilha pouco antes do Capitão Jácome de Bruges e que foi o fundador da 1º ermida que houve junto ao mar sob a invocação de Santa Maria Madalena, no local onde nos meados do Século XVI foi levantado o Forte de São Sebastião para defesa da Baía de Angra e da primeira instalação portuária que viria, anos séculos mais tarde a dar origem ao actual Porto das Pipas.


Foram os descendentes deste primeiro povoador detentores de vastas áreas de terras acima da cidade de Angra, onde mandaram erigir a Igreja de Santa Luzia de que foram padroeiros e aquele conjunto habitacional que viria a ser o Palácio de Santa Luzia.

Estas construções são perfeitamente observáveis na planta da cidade de Angra feita em 1596 e atribuída ao comerciante holandês Jan Huygen van Linschoten.

O primeiro título vincular com o Palácio de Santa Luzia surge, segundo o investigador Pedro de Merelim, na pessoa de Maria Pamplona casada com Luís Pereira de Orta. Uma filha deste casal, Isabel Pereira Pamplona estabeleceu matrimónio com Francisco Borges de Ávila, filho do Capitão João de Ávila. Deste casamento nasceu Maria Paula Borges de Ávila casada com Manuel Paim de Sousa, facto que levou à passagem deste solar para a família Paim.


Este Manuel Paim de Sousa era filho do Capitão Francisco de Ornelas da Câmara, herói da Restauração de 1640 na ilha Terceira, moço fidalgo da Casa Real e comendador de Penamacor e de Filipa de Bettencourt de Vasconcelos, herdeira do Solar da Madre de Deus.


Foi de um dos filhos deste casal, Francisco Paim da Camara Sousa e Ávila (também Conhecido como Francisco Paim da Câmara Burges), Capitão-mor da então ainda Vila da Praia e casado na ilha do Faial com Jerónima Maria de Montojos da Silveira que nasceu Tomás Paim da Câmara casado com Ifigénia de Montojos Paim da Câmara, de quem, em 1760 veio a nascer Teotónio de Ornelas Paim da Camara que foi por herança senhor do Palácio de Santa Luzia.


Este foi casado com Josefa Jerónima de Montojos Paim da Câmara, tendo sido progenitores de Rita Pulquéria de Ornelas Paim da Camara casada com o Dr. André Eloi Homem da Costa Noronha Ponce de Leão pais de Teotónio de Ornelas Bruges Paim da Câmara, 1º Visconde de Bruges e 1º Conde da Praia da Vitória, que foi o último Senhor do Palácio de Santa Luzia, ficando para sempre, o palácio ligado à história do Liberalismo na ilha Terceira.

Nos inícios do Século XIX este conjunto habitacional foi sujeito a profundas obras de manutenção, restauro e ampliação debaixo da orientação da morgada e administradora dos vínculos, Rita Pulquéria de Ornelas Paim da Câmara que havia herdado de seu pai o palácio e outros bens do seu casamento com André Eloi Homem da Costa Noronha Ponce de Leão. Teotónio Bruges nasceu neste mesmo palácio e foi um dos últimos dos Pains de Sousa Noronha Bruges que ali viveu, vindo a faleceu na Quinta da Estrela, no Caminho de Baixo, subúrbios de Angra do Heroísmo.



Assim esteve na posse da família Paim de Sousa Noronha até à sua venda já nos anos 15 do Século XX, à Diocese de Angra, no dia 30 de Setembro de 1915, pela quantia de 5 961 680 Réis, (moeda da altura, e quantia bastante avultada para a época).


Esta passagem de propriedade aconteceu com a chegada do novo bispo, D. Manuel Damasceno da Costa, que concebeu a criação de um seminário na localidade de Santa Luzia aproveitando este solar. No entanto esta pretensão não chegou a acontecer devido divergência entre os docentes do próprio seminário.



sábado, 14 de agosto de 2021

Isidro Barcelos Bettencourt

 

Isidro Barcelos Bettencourt  nasceu em Angra do Heroísmo a 15 de Novembro de 1886  e faleceu em Angra do Heroísmo a  1 de Março de 1949.  Foi um político português, partidário do Partido Nacional Republicano em Angra do Heroísmo e funcionário do governo português. Provinha da antiga aristocracia da cidade de Angra do Heroísmo.


Prestou serviço no exército português Regimento de Guarnição nº 1, aquartelado na Fortaleza de São João Baptista, no Monte Brasil, junto à cidade de Angra do Heroísmo.

Foi estudante de medicina na Universidade de Lisboa, não tendo completado o curso regressou aos Açores, cidade de Angra do Heroísmo, onde foi funcionário da repartição de Finanças do mesmo concelho.

Foi filho de Diogo de Barcelos Machado de Bettencourt (8 de Agosto de 1847 - ?) e D. Mariana Joaquina Ribeiro de Bettencourt.


Casou por duas vezes, a primeira com D. Maria Delfina Fonseca da Rocha Salgueiro Bettencourt, (Fundão, Gouveia, 1888 – São Pedro (Angra do Heroísmo), 5 de Agosto de 1927), filha de Manuel da Rocha Salgueiro, (que foi juiz na Comarca de Angra do Heroísmo onde faleceu em 1898) de quem teve oito filhos, e a segunda com D. Deolinda do Amparo da Silva de quem teve 3 filhos.


Filhos do primeiro casamento:


Maria Esperança Salgueiro Barcelos Bettencourt Noronha (Aldeia do Bispo (Penamacor), Penamacor, 8 de Maio de 1915 – ?) casou com Carlos Alberto Silveira Moniz Canto Noronha (13 de Junho de 1909 -?).

Mariana Joaquina Trindade Salgueiro Barcelos (23 de Abril de 1920 - ?).

Maria de Lurdes Salgueiro Barcelos Guerreiro, (11 de Fevereiro de 1923 - ?) casou com Fernando de Jesus Guerreiro.

Maria Angelina Salgueiro Barcelos (São Pedro (Angra do Heroísmo), 19 de Janeiro de 1919 - ?) casou com Armando Gonçalves Borges de Carvalho.

Diogo Salgueiro Barcelos (Nossa Senhora da Conceição (Angra do Heroísmo) 21 de Janeiro de 1925 - ?)

Manuel Maria Salgueiro Barcelos (30 de Novembro de 1912 - ?)

Isidro das Merces Salgueiro Barcelos (1911 – Aldeia do Bispo, Penamacor, 9 de Setembro de 1945) casado com D. Lourdes Landeiro Ferreira Barcelos.

Maria de La-Salete Salgueiro de Barcelos Bettencourt (Conceição de Angra do Heroísmo 16 de Outubro de 1921 - ?)




quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Quinta do Leão na ilha Terceira Açores

 

A Quinta do Leão é uma quinta portuguesa localizada na ilha  Terceira, concelho de Angra do Heroísmo, freguesia de São Pedro.


Esta quinta é composta por uma propriedade agrícola e por um solar de apreciáveis dimensões que foi ao longo dos séculos residência da família Lima, encontra-se próximo à Quinta da Estrela, do Solar dos Parreiras, da Quinta dos Castro e da Zona Balnear da Poça dos Frades.

A propriedade agrícola anexa a este solar apresenta-se com apreciáveis dimensões e tem um jardim curioso onde se destacam plantas de cariz exótico.


Destaca-se neste edifício a sala principal dotada por um extraordinário tecto em caixotão e o seu aspecto senhorial e pela sua fachada de excelente cantaria pintada.



terça-feira, 10 de agosto de 2021

Os Açores e a Maçonaria

 

Com a presente nota pretendemos partilhar uma reflexão sobre a Sociedade e Loja Amor da Pátria, contextualizando a sua intervenção, enquanto motivo de interesse para uma (re)descoberta da Maçonaria nos Açores.


A maçonaria tem sido portadora de importantes valores da humanidade como a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a neutralidade religiosa do estado e o exercício de uma cidadania activa e participativa.


Tem tido especial afirmação, nos momentos considerados de crise, estruturando a sua acção enquanto reserva de valores sociais. Em Portugal e também nos Açores, este (Publicado em freemason.pt) contexto ganha significado, nomeadamente ao considerarmos a revolução liberal de 1820, a revolução republicana de 1910 ou mesmo a revolução da Abril de 1974.

A Cidade da Horta, nos Açores, ‘cruza’ alguns momentos do seu percurso com estes importantes períodos da história de Portugal, constituindo a Sociedade e a Loja Amor da Pátria, elementos agregadores e potenciadores de uma intervenção social de alcance assinalável.


Na Europa, nos inícios do sec. XVIII, a procura da razão, da perfectibilidade humana e social constituíram elementos essenciais no desenvolvimento do iluminismo, intimamente relacionado com a história da maçonaria.


Em Inglaterra, em 1717, no mês de Fevereiro, associam-se quatro lojas de maçons aceites, (distinguindo-se da maçonaria operativa), estabelecendo que a maçonaria seria para todos os homens livres e de bons costumes, que fossem regularmente admitidos na maçonaria. Desta forma inicia-se um processo de expansão por toda a Europa.


Estima-se que, em 1727, a loja registada pela inquisição como a “Loja dos Hereges Mercadores”, terá sido a primeira a surgir em Portugal, fundada por comerciantes britânicos, que viviam em Lisboa. Em 1735, regulariza-se, pedindo a sua admissão à Grande Loja, de Londres. Em 1755, abate colunas, especialmente devido às perseguições à maçonaria decorrentes da bula papal de 1738, emanadas por Clemente XII.


Neste período também, a Maçonaria nos Açores dá os seus primeiros passos, de forma algo rudimentar, sem locais fixos para a realização das sessões, reunindo sobretudo em casas particulares e sem vínculo entre as diferentes lojas.


Os primeiros registos da existência de uma Loja, nos Açores, com data de 1772, encontram-se na Ilha do Faial , Cidade da Horta, tendo como primeiro Venerável, Tomaz de Ornelas Frazão. As sessões decorriam na farmácia de um dos seus obreiros, Manuel do Paraíso, na Rua da Misericórdia.


Por esta altura, (finais do sec. XVIII e inícios do séc. XIX ) os Açores, em especial na cidade da Horta, assumem forte centralidade, enquanto importante escala de navegação comercial, no Atlântico Norte.


Entre 1807 e 1811, registam-se as invasões Francesas a Portugal, num contexto de confronto entre a Inglaterra e a França, originando a partida da família real para o Brasil.


Inicialmente os franceses não se assumem como ocupantes. Contudo a partir de 1808, aumenta a animosidade com expressão em medidas como o lançamento do imposto de guerra, a confiscação de prata e ouro das igrejas e das casas, cujos nobres haviam partido com a corte para o Brasil, assim como a substituição da bandeira Portuguesa, pela Francesa, no castelo de S. Jorge, em Lisboa.

Este contexto, aliado ao início dos conflitos com a maçonaria portuguesa, que rejeita o general francês, Junot, como seu representante, na qualidade de Grão-Mestre, originando que ordenasse a proibição da actividade do Grande Oriente Lusitano, faz despoletar o debate politico, dando-se assim os primeiros passos para um Portugal aonde sobressaem as questões da cidadania e do desenvolvimento socioeconómico, em detrimento de um Portugal do antigo regime, aonde predominava o privilégio e a inquestionabilidade do poder.


Na sequência da 3a invasão de Portugal pelas forças de Napoleão e da consequente perse­guição à Maçonaria, na noite de 10 para 11 de Setembro de 1810, muitos são os maçons (cerca de 38) que são presos (Setembrada) e posteriormente deportados para os Açores, na fragata “Amazon”, que parte do Tejo, a 18 de Setembro, chegando aos Açores, a 27 do mesmo mês.


A presença nos Açores dos Maçons deportados constitui um factor de expansão da maçonaria no arquipélago, bem como motivo de desenvolvimento de uma cultura liberal, que viria a marcar o posicionamento da Região nos tempos seguintes.


Na Horta, é dinamizada a criação de uma loja, reunindo antigos maçons, iniciando profanos, tendo como principal obreiro Luís Francisco Risso. Esta loja trabalhou na casa de Manuel Gutierres, irmão do morgado Francisco Manuel Gutierres. Com a partida de Riso do Faial bem como de Manuel Gutierres, a loja (Publicado em freemason.pt) passou a funcionar numa pequena casa na Canada das Galinhas (actual Vista Alegre), que era pertença da propriedade dos irmãos Thomaz Luis Leal e António Silveira Leal. Entre a partida de Manuel Gutierres e os preparativos para o novo local, as reuniões realizaram- se no Convento Franciscano.

As múltiplas divisões políticas, que caracterizam o inicio do sec. XIX, começam a esbater-se após a Regeneração. No final da década de cinquenta e início da década de sessenta, regista-se um período de consolidação da Maçonaria Portuguesa, ocorrendo a 30 de Outubro de 1869 a constituição do Grande Oriente Lusitano Unido, reunificando várias obediências Maçónicas.


Na Horta, em 28 de Novembro de 1859 é criado a Sociedade Amor da Pátria, a face profana da Loja “Amor da Pátria”, que se instala formalmente a 20 de Junho de 1860, tornando-se uma das mais importantes lojas açorianas e até da Maçonaria Portuguesa, tendo pertencido a várias obediências, no contexto das várias divisões politicas, que caracterizavam a época.


Ao longo do seu percurso foram-lhe concedidos os títulos de Ilustre, de Capitular, afastando-se do Grande Oriente de Portugal em 1862. A 29 de Janeiro de 1863 integrou-se no seio da Confederação Maçónica Portuguesa, vindo a transitar, em 1867, para o Grande Oriente Português e posteriormente, em 1869, para o Grande Oriente Lusitano Unido, onde se manteve até à ilegalização da Maçonaria, em 1935.


Teve uma forte actividade social, nas áreas do ensino, na criação de escolas, de bibliotecas, tendo constituído a Caixa Económica Faialense, que subsidiou várias obras de beneficência e instituições como os Asilos de Mendicidade e Infância Desvalida, assim como a organização de diversas acções culturais.

A sede da Sociedade, funcionou no solar do Morgado Terra, localizado a norte do actual edifício, reflectindo-se na história da cidade da Horta como um espaço simbólico, como a maior e mais nobre sala de visitas da Ilha do Faial, ligando-se a importantes eventos institucionais.


Recordamos a visita do imperador D. Pedro IV, na companhia da corte liberal portuguesa que ali ficou hospedado quando visitou a Horta em Abril de 1832, e recebeu a vereação camarária presidida por António José de Ávila (maçon), o futuro Marquês de Ávila e Bola- ma. Anos mais tarde, em Novembro de 1858, foi feita, uma recepção festiva ao neto do imperador, o príncipe D. Luiz.


A 13 de Agosto de 1930 ocorreu um violento incêndio, que destruiu o espaço ocupado pela Sociedade e pela Loja Maçónica, tendo inclusive o arquivo, sido perdido por completo. Neste contexto foi deliberada a construção de um novo edifício, tendo sido criado o cargo de Delegado da Direcção para a construção, que durou 3 anos, tendo a primeira pedra sido lan­çada em Agosto de 1931 e a concluindo-se o edifício a 30 Junho de 1934.O novo edifício, destaca-se no tecido urbano da cidade da Horta, pela sua escala e qualidade, com uma (Publicado em freemason.pt) nítida valorização da “Art Deco” reflectindo bem o novo ciclo de produção arquitectónica nacional, que ocorre de forma mais densa na capital do Pais, Lisboa, em que o arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior, (que entre outras distinções obteve por cinco vezes o Prémio Valmour) é um dos seus expoentes.


Nesse edifico, teve lugar acto inaugural da I Legislatura do Governo Regional dos Açores, a 4 de Setembro de 1976, na presença do Presidente da Republica, General Ramalho Eanes, e do Primeiro Ministro , Mário Soares, e funcionou durante vários anos (até 1980) a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.


( Cortesia a  F. Azevedo )