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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Mouzinho da Silveira nos Açores

 


José Xavier Mouzinho da Silveira  nasceu  em Castelo de Vide a 12 de Julho de 1780  e  faleceu  em Lisboa a 4 de Abril de 1849. Foi um estadista, jurisconsulto e político português e uma das personalidades maiores da revolução liberal, operando, com a sua obra de legislador, algumas das mais profundas modificações institucionais nas áreas da fiscalidade e da justiça. Preso durante a Abrilada, tornou-se intransigente defensor da Carta Constitucional pelo que teve de se exilar em 1828. Regressou ao Parlamento em 1834 para defender a sua obra legislativa, mas exilou-se de novo em 1836. Retirou-se da vida política durante os seus últimos dez anos de vida.

Uma parte importante da reforma do sistema político e económico levada a cabo por Mouzinho da Silveira foi feita durante a permanência nos Açores de D. Pedro IV e da Regência. Se muitas das medidas são de carácter geral, muitas são específicas e tiveram uma particular incidência nas ilhas.


As medidas tomadas mereceram a gratidão do povo açoriano, particularmente dos agricultores que se viram livres dos entraves resultantes dos morgadios. Particularmente beneficiada foi a população da ilha do Corvo, que ainda hoje recorda a libertação do jugo feudal a que estava submetida através do pagamento de um pesado tributo ao donatário da ilha. Conhecendo essa gratidão, Mouzinho da Silveira incluiu no seu testamento a seguinte cláusula:


Quero que o meu corpo seja sepultado no cemitério da ilha do Corvo, a mais pequena das dos Açores, e se isto não puder ser por qualquer motivo, ou mesmo por não querer o meu testamenteiro carregar com esta trabalheira, quero que o meu corpo seja sepultado no cemitério da freguesia da Margem, pertencente ao concelho de Gavião; são gentes agradecidas e boas, e gosto agora da ideia de estar cercado, quando morto, de gente que na minha vida se atreveu a ser agradecida."

A gratidão de que Mouzinho da Silveira fala no seu testamento chegou viva aos nossos dias. Passados mais de 150 anos sobre a sua morte, e apesar de ter sido sepultado em Margem, Gavião, e não na ilha do Corvo, o único estabelecimento de ensino daquela ilha, a Escola Básica Secundária Mouzinho da Silveira, perpetua o nome do estadista que, por Decreto promulgado em Ponta Delgada a 14 de Maio de 1832, soube acudir à miséria e opressão em que viviam os corvinos.


Mouzinho da Silveira, então Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda e Ministro interino dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça por aquele diploma reduziu substancialmente, em resultado de uma representação que lhe dirigiram os habitantes do Corvo, o pagamento a que estes, tal como os habitantes de algumas freguesias da ilha das Flores, estavam obrigados a fazer anualmente ao donatário, aliviando assim um jugo que conduzia à fome e miséria generalizadas naquelas ilhas.

Não há texto sobre a história do Corvo que não refira o papel de Mouzinho na libertação da ilha do aforamento, mas foi Raul Brandão, em As Ilhas Desconhecidas, quem melhor soube captar as memórias que ainda aquando da sua visita ao Corvo, em 1924, perduravam na tradição oral dos corvinos:


À noite vêm conversar comigo à casa onde durmo. A luz é escassa: ficam à frente o Hilário, o Cabo do Mar, uma ou outra mulher e, ocultas na sombra, fisionomias que, quando se aproximam da candeia, ressaltam cheias de relevo e carácter: a boca que quer falar, a mão que reentra logo no escuro… Todas têm um ar de família. O senhor Manuel Tomás, de setenta e cinco anos, barba grisalha e curta, olhos pequeninos e já velados pela névoa da idade, um dos grandes proprietários da ilha, conta-me o Corvo de outros tempos:


— Fome! muita fome! … A ilha andava avexada: pagava quarenta moios de trigo e oitenta mil réis em dinheiro ao senhorio de Lisboa. A gente — inda me lembro — andava vestida com umas ceroulas compridas, por cima um calção de lã, tingido de preto com mantrasto e uma jaqueta aos ombros, a barba toda e uma carapuça na cabeça. Não havia lumes. O lume conservava-se nas arestas do linho e quando sucedia apagar-se iam-no buscar à alâmpada da igreja … Fome! Muita fome! O mais que se comia era junça, uma planta que dá uma semente pequena debaixo da terra, de que se alimentam os porcos.


— Moía-se nas atafonas e fazia-se farinha e bolos… Às vezes trocava-se uma terra por um bolo de junça. Fome!


Em Maio vieram do Corvo à Terceira os ilhéus mostrar ao filósofo o pão negro que comiam, e pedir protecção ao tirano. Era uma cena antiga: parecia uma das velhas repúblicas da Grécia, e Mouzinho de facto um Licurgo, um Sólon, com doutrinas, porém, opostas às dos antigos. No pão negro dos ilhotas do Corvo, escravizados pelas rendas do donatário da ilha, viu o ministro um verdadeiro crime, e a teoria que o dominava embarcou-o em conclusões temerárias. Só reduzia a metade, não abolia o foro; mas acrescentava: — Vão passando os tempos em que se entendia que a terra tinha um valor antes de regada com o suor dos homens, nem é possível o contrário quando a broca da análise vai penetrando o mundo. — Portugal Contemporâneo — Oliveira Martins.




O pão era o de junça.


Está gente de pé à porta. Escutam da cozinha, e lá para o fundo da sala há outros atentos na sombra que remexe. — Muita fome! E as mães diziam: — Deixa-me guardar este bolinho de junça para os meus meninos comerem pelo dia fora! — Exclama um tipo curioso de mulher com a pele lívida revestindo-lhe os ossos, uma fisionomia cheia de expressão e os olhos cobertos por uma membrana tão fina como a película dum ovo. E continua: — Chegavam a comer raízes de fetos… E saiba o senhor que o grande erro deste mundo vem de um engano de S. Pedro. Nosso Senhor disse-lhe um dia: — Pedro, vai fora da porta e diz ao mundo: — O pobre que viva do rico. — Mas S. Pedro chegou à porta, enganou-se e disse: — Ouçam todos que têm ouvidos para ouvir — o rico que viva do pobre!…


Não foram apenas os corvinos que beneficiaram da curta passagem pelos Açores de Mouzinho da Silveira. A capacidade legislativa do Ministro, e a circunstância de o poder estar sediado nos Açores, criou as condições necessárias para uma vasta reforma legislativa cujas consequências ainda hoje se sentem. Há quem considere que a relativa equidade social existente em algumas ilhas dos Açores, em particular na ilha Terceira, em contraste com a de S. Miguel onde o diploma não teve aplicação generalizada, tem as suas raízes no Decreto de 4 de Abril de 1832, promulgado em Angra sob proposta de Mouzinho da Silveira, que extinguiu os morgadios, capelas e vínculos de menor dimensão.



domingo, 26 de fevereiro de 2023

Francisco Raposo de Oliveira


 Francisco Raposo de Oliveira  nasceu no Nordeste ilha de São Miguel Açores  a 8 de Janeiro de 1881  e faleceu  em Lisboa a  17 de janeiro de 1933 . Mais conhecido como Raposo de Oliveira, foi um poeta e jornalista que se destacou no panorama jornalístico de Lisboa, onde foi redactor e director de alguns dos mais relevantes jornais portugueses do tempo.


Nasceu na vila do Nordeste, na Ilha de São Miguel, nos Açores, de onde a sua família era originária, mas esta mudou-se para Ponta Delgada pouco depois do seu nascimento. Cresceu em Ponta Delgada, na freguesia de São Pedro, tendo frequentado o ensino secundário no Liceu daquela cidade. Empregou-se como caixeiro, mas desde cedo demonstrou apetência pela escrita, especialmente pela poesia, tendo publicado o seu primeiro livro de versos aos 17 anos de idade. Em 1899, começou a trabalhar como redactor no jornal O Heraldo, para fundar e dirigir em 1902, o semanário A Nova, ambos na cidade de Ponta Delgada.


Em 1904, com 23 anos de idade, partiu para Lisboa, a convite do jornalista faialense António Baptista, com o objectivo de colaborar na redacção e coordenação do Álbum Açoreano, uma publicação da Casa Bertrand, em edição de luxo com grande recurso à ilustração e com cuidado grafismo. Esta obra, saída em fascículos, destinava-se a comemorar a visita do rei D. Carlos I aos Açores, ocorrida em julho de 1901. Divulga a vida económica, cultural e social açoriana, além de uma abordagem ligeira à história das ilhas,ainda considerada um fonte informativa relevante sobre o arquipélago nessa época.


A partir de então iniciou a colaboração na imprensa de Lisboa, onde rapidamente ganhou fame de excelente redator. Dirigiu os periódicos Jornal das Colónias, Portugal, Diário Liberal, Diário Ilustrado, Diário Nacional e A Época. Chefiou as redações de A Vitória, Situação e A Luta. Terminou a sua carreira como redactor de A República e de O Século.


Paralelamente, em 1920 ingressou nos quadros do Ministério do Trabalho. Foi um dos fundadores da Casa dos Jornalistas, organismo depois integrado no Sindicato da Imprensa.



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Um dos primeiros povoadores da ilha Terceira Açores

 


João Leonardes, O Velho - Foi um dos primeiros povoadores da ilha Terceira, integrou o grupo capitaneado por Jácome de Bruges, procedente da ilha da Madeira, segundo Drummond.


Era proprietário das terras das Contendas  na Vila de S. Sebastião.


A baía das Contendas localiza-se na Vila de São Sebastião, concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.


Integra uma das zonas de protecção especial para aves selvagem formada pela Ponta das Contendas, por esta baía e pela Baía das Mós, incluindo o Ilhéu da Mina e a falésia para ambos os lados das duas baías.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Antão Martins Homem

 


Antão Martins Homem  nascei na Vila de Angra, antes de 1474  e faleceu n Praia a  5 de Dezembro de 1531.Foi o 3.º capitão do donatário da Praia, o 2.º na linha dos Martins Homem, confirmado por carta régia datada de 26 de março de 1483.


Exerceu o cargo até 1520. Sucedeu no cargo a seu pai, Álvaro Martins Homem, e foi sucedido por seu filho, também chamado Álvaro Martins Homem.  Foi fidalgo da Casa Real e padroeiro do Mosteiro de Nossa Senhora da Luz, na referida vila da Praia, actual cidade da Praia da Vitória.




terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Câmara Municipal das Velas ilha de São Jorge Açores


Esta câmara ocupa um dos palácios mais importantes da ilha São Jorge, edifício esse que foi catalogado como sendo um Imóvel classificado Interesse Público pela Resolução n.º 64/84, de 30 de Abril, publicado no Jornal Oficial, I Série, n.º 14.

Apesar da criação da Câmara Municipal em 1490, a localidade só foi elevada a vila em 1500.


Esta edificação construída no século XVIII, entre os anos de 1719 e 1744 apresenta-se com uma forte, sólida e imponente arquitectura com características marcadamente barrocas.


Foi mandado erigir por Manuel Avelar, membro de uma das mais ricas família que no Século XVIII, teve residência na ilha de São Jorge. Esta poderosa família ao longo de várias gerações fez edificar pela ilha alguns dos mais notáveis palácios da ilha de São Jorge.


Porta de entrada da Câmara Municipal de Velas, ilha de São Jorge, Açores, Portugal. O Brasão ostentado nesta porta foi elaborado com pedra retirada do Pico Alto, Toledo.



A nível de construção este edifício apresenta-se com um rodapé construído em pedra de basalto da ilha, e assenta num extenso friso. À entrada do Portão principal, ladeado por duas colunas salomónicas, torsas de alto relevo, apresenta do lado esquerdo deste, duas portas que a quando da construção inicial eram duas janelas, que correspondiam ao espaço de acesso ao celeiro de armazenamento de cereais. Por cima da fachada ostenta as armas portuguesas, gravadas em cantaria basáltica de cor preta natural.


Do lado direito deste imponente portão existem quatro janelas, que também no Século XVIII que pertenceram ao espaço onde funcionou uma cadeia para mulheres. Antes deste edifico ser ocupada pelos paços do concelho esteve aqui instalada além da referida cadeia o tribunal de Velas.




segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Hélio Costa o popular taxista de profissão e escritor de temas populares para as Danças de Pandeiro e bailinhos

 


O popular Hélio Costa, taxista de profissão e escritor de temas populares para as Danças de Pandeiro e bailinhos já escreveu 19 enredos para diferentes comunidades imigrantes de Terceirenses residentes na América do Norte. Nos últimos anos, as comunidades imigradas na Califórnia tem demonstrado um interesse crescente pela organização do Entrudo Tradicional da Ilha Terceira pelo que tem aumentado o número de grupos que se organizam.



Exemplo desta dinâmica é o facto de Hélio Costa ter escrito a maioria dos textos para grupos sediados na costa Oeste, que nos últimos cinco anos tem sofrido um significativo aumento.


A Califórnia é uma das zonas de fixação de grande número de imigrantes oriundos da ilha Terceira e, também, uma das comunidades imigrantes mais bem sucedidas das diversas comunidades portuguesas residentes no estrangeiro.


De forma espontânea, como tem sido o Carnaval originário na ilha Terceira, este tipo de manifestação tem vindo a aumentar e a tendência é um crescimento que poderá ultrapassar o número de grupos que desfilam nos palcos da ilha Terceira durante os três dias de Carnaval.


Naturalmente que este fenómeno poderá não se desenvolver muito mais devido à diminuição da emigração dos Açores, particularmente da ilha Terceira, para a América do Norte.




sábado, 18 de fevereiro de 2023

As danças e bailinhos na ilha Terceira , remonta ao tempo dos primeiros povoadores




Nos Açores, mais propriamente na ilha Terceira, reside uma das formas mais peculiares do Carnaval em Portugal, as Danças e Bailinhos de Carnaval. Esta tradição, tida como a maior manifestação de teatro popular em Portugal, remonta ao tempo dos primeiros povoadores e reflecte um estilo teatral bem ao jeito dos Autos vicentinos.

As danças e bailinhos de Carnaval da ilha Terceira são manifestações de teatro popular, acompanhadas por música, com textos em rima, que incluem habitualmente crítica social.



Mais de mil músicos e actores amadores actuam de forma gratuita em cerca de 40 palcos espalhados por toda a ilha, prolongando as actuações pela madrugada dentro, durante quatro dias.

As danças de pandeiro, os bailinhos e as comédias têm um texto cómico, enquanto as danças de espada representam um drama.

Desde Janeiro que decorrem os ensaios em sociedades filarmónicas ou em garagens, mas há quem também comece a preparar o Carnaval com antecedência nos bastidores.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Francisco José de Bettencourt e Ávila

 


Francisco José de Bettencourt e Ávila  nasceu nas Velas ilha de São Jorge Açores  a 24 de Maio de 1827  e  faleceu a 16 de Julho de 1888.  Foi um grande proprietário rural na ilha de São Jorge (Açores), e o 1.º e único barão de Ribeiro. Dedicou-se à cultura da vinha.


Foi a seu mando que se edificou a segunda Ermida de Santo Cristo da Fajã das Almas dado que a primitiva ermida, mandada construir por Lucas de Matos Pereira no fim do século XVII, foi destruída por incêndio no mês de Setembro de 1880.

Feito barão pelo Decreto de 3 de Junho de 1888, de D. Luís I de Portugal. Casou-se com Luísa Soares Teixeira



terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Ermida de São Lázaro em Santa Cruz cidade da Praia da Vitória

 


Erguida nos séculos XVI-XVII, integrava o Hospital de São Lázaro, no qual eram recolhidas as pessoas que sofriam de Hanseníase.


Serviu como paroquial da vila após o grande terramoto de 24 de Maio de 1614 (a "Caída da Praia"), enquanto a Igreja Matriz era reparada dos estragos então sofridos.


Encontra-se classificada no Inventário do Património Histórico e Religioso da Praia da Vitória.


A edificação, rebocada e pintada, apresenta planta rectangular e, internamente, uma única nave. A capela-mor, também de planta rectangular embora uma pouco mais estreita que o corpo principal, é designada como "cela dos leprosos", e é contígua à fachada lateral direita da capela-mor, da qual se encontra separada por três arcos abatidos assentes em quatro colunas com bases e capitéis de desenho arcaico.


Na continuidade da ermida, do seu lado esquerdo, situava-se antigamente um cemitério, do qual resta apenas um muro hoje integrado numa nova construção. A ermida encontra-se separada dos muros laterais por pilastras e toda a fachada está enquadrada por fortes cunhais. Ainda na fachada principal rasgam-se dois vãos - uma porta e uma janela -, um sobre o outro e ambos encimados por cornija. Na fachada lateral direita há uma porta cuja verga é encimada por uma cornija e por um arco, no tímpano no qual existe uma cruz e uma inscrição que reza "São Lázaro". No local do antigo lazareto, à direita da capela, encontra-se ainda uma porta encimada por volutas de desenho arcaico.


O soco, os cunhais, as pilastras, a cornija, as molduras dos vãos e os elementos decorativos são em cantaria pintada de amarelo, excepto as colunas e os arcos da "cela dos leprosos".


O telhado é rematado por uma cornija que acompanha a inclinação do telhado e se prolonga, já na horizontal, aos corpos contíguos. As coberturas apresentam-se com duas águas em telha de meia-cana tradicional dos Açores. O topo do telhado, apresenta na cumeeira o remate de cruz.




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Portão do Mar de Porto-Pim na ilha do Faial Açores

 



O Portão do Mar de Porto-Pim, também referido como Reduto da Patrulha, localiza-se na confluência da rua do Pasteleiro com a travessa do Porto Pim, na freguesia das Angústias, cidade e concelho da Horta, na ilha do Faial, nos Açores. Integra o complexo das fortificações da Baía de Porto Pim.



Erguido no século XVII, tinha como função proteger o acesso ao Porto Pim, primitivo porto da Horta. Integrava o conjunto de fortificações que fechavam aquele ancoradouro, coordenadas pelo Forte de São Sebastião.


No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto da Patrulha." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".



sábado, 11 de fevereiro de 2023

João Inácio de Bettencourt Noronha

 


João Inácio Bettencourt de Noronha  nasceu a 9 de Fevereiro de 1820  e faleceu a  8 de Janeiro de 1908. Foi senhor de um morgado que herdou de seu pai. Foi grande proprietário de terras no concelho da Calheta, na ilha de São Jorge, nos Açores.

Foi filho de Joaquim Izidoro da Silveira Machado e de sua esposa, Rosa Cândida de Noronha.

Viveu no solar da família, na Quinta de Villa Maria, na freguesia de São Pedro, em Angra do Heroísmo.


Nas suas propriedades na Fajã de São João, Vila do Topo, na freguesia de Santo Antão, concelho da Calheta e na freguesia de Queimada e Urzelina, concelho de Velas, produzia os vinhos Verdelho e Terrantez que era produzido na ilha de São Jorge e engarrafado na Villa Maria, na ilha Terceira. Esse vinho era depois exportado para a Inglaterra e outros países do mundo.

Os rótulos de vinho existentes e que datam de 1905 e 1910, representam um dos mais antigos rótulos vinícolas dos Açores e de Portugal.


Desposou Maria José do Coração de Jesus, que havia tido, de pai não sabido, Serafim José da Silva dos Ramos. Da união nasceram:


José Pimentel Homem de Noronha, nascido em 12 de Abril de 1846 na localidade do Topo, Calheta (Açores), ilha de São Jorge, (Açores). Casou com Maria Adelaide Barcelos Machado de Bettencourt, natural da Ilha Terceira, filha de Francisco de Paula de Barcelos Machado de Bettencourt e de Maria Isabel Borges do Canto Teive de Gusmão.

Serafim José da Silva dos Ramos, nasceu em 1881; casou com Maria Adélia da Silva dos Ramos em 19 de Outubro de 1907; nascida em 1886 na Ribeira Seca, Calheta, São Jorge.



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Quem partiu para o Brasil da ilha de São Jorge Açores em 1880

 


1 - José Maria das Neves Azevedo

2 - José de Oliveira

3 - João Silveira de Bettencourt


4 - Maria Silveira de Jesus

5 - Jaime de Simas e Cunha

6 - Manuel Roberto da Silva

7 - João Inácio Coelho


8 - Augusto Inácio Botelho

9 - Sabina Emilia

10 - João António Azevedo

11 - Maria José da Silveira




terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Francisco Manuel Raposo de Almeida

 


Francisco Manuel Raposo de Almeida  nasceu em Rabo de Peixe ilha de São Miguel Açores a 15 de agosto de 1817  e faleceu em Pindamonhangaba a 17 de Março de 1886.  Foi um jornalista, escritor romântico, dramaturgo e teatrólogo luso-brasileiro.  Foi deputado à Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina.


Nasceu na freguesia de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel (Açores), no seio de uma família de recursos modestos, filho de António Raposo Tavares. Apesar de não ter frequentado inicialmente o sistema educativo do tempo, cedo demonstrou grande inteligência e aptidão para as letras, o que lhe permitiu mudar-se para Ponta Delgada e frequentar os meios intelectuais daquela cidade.


Terá conhecido Almeida Garrett em 1832, quando este esteve em casa do cônsul britânico William Harding Read quando de passagem pela ilha de São Miguel,  o que explicaria ter partido para Lisboa com o objectivo de estudar. Em Lisboa, foi protegido por Almeida Garrett e foi com essa protecção que frequentou o Real Colégio dos Nobres, escola onde concluiu os estudos preparatórios de Humanidades.


Matriculou-se seguidamente na Universidade de Coimbra, mas sabe-se apenas que esteve matriculado na Faculdade de Filosofia e Matemática no ano lectivo de 1840-1841. Neste último ano, ou no início do seguinte, regressou a Ponta Delgada, dedicando-se ao teatro, escrevendo e encenando algumas peças. Sabe-se que naquela cidade levou à cena uma peça intitulada O Monge da Serra d'Ossa e que em 1842 na Caloura escreveu parte do drama O Camões.


Foi apoiante do setembrismo e opositor ao governo de Costa Cabral, tendo eventualmente participado num qualquer movimento conspirativo. Terá sido por essa razão que em 1844 aparece a cumprir pena de exílio na ilha da Madeira, onde no Machico, continua a redacção do drama O Camões.

Em 1846, após o início da revolta da Maria da Fonte e aparentemente ainda por razões políticas, transferiu-se para o Brasil, fixando-se inicialmente na cidade do Rio de Janeiro.


Na cidade do Rio de Janeiro foi inicialmente solicitador e escriturário, tendo trabalhado nessa capacidade para a comunidade de comerciantes portugueses ali fixados até 1848. Nesse ano mudou-se para Santos, onde abriu uma tipografia, a Typographia Imparcial, mantendo-se nesse ramo de negócio entre 1848 e 1853. Foi nessa tipografia que editou algumas das suas obras, entre as quais o drama O Camões (1851).  Ingressou então na docência de primeiras letras, sendo sucessivamente professor em Pindamonhangaba (1853-1857), na cidade do Rio de Janeiro (1857-1858), na cidade do Desterro, hoje Florianópolis (1858-1862), na cidade do Salvador (1862-1865), no Recife (1865-1870), em Goiana (1870-1873) e, de novo, em Pindamonhangaba, onde faleceu.


Durante a sua permanência em Desterro (Florianópolis), foi deputado à Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina na 13ª legislatura (1860 — 1861).


Paralelamente à sua actividade profissional, dedicou-se à escrita, revelando-se um escritor romântico e polifacetado, cultivando diversos géneros literários. Cultivou o teatro, a poesia, o romance, o artigo literário e político, a dissertação académica, o ensaio histórico e biográfico e as memórias. Sendo professor, também se dedicou às obras de carácter didáctico, deixando várias publicadas. Também deixou poesia lírica dispersa.  Contudo a áreas a que deu mais importância foram a história, o teatro, tendo sido membro do Conservatório Dramático do Rio de Janeiro (1847), e o jornalismo, tendo fundado e dirigindo vários jornais.


Deixou dispersos vário trabalhos históricos, em especial sobre história sacra, incluindo várias memórias sobre os jesuítas em Pernambuco e sobre vários estabelecimentos pios, incluindo o Recolhimento da Glória. Um dos seus trabalhos, a "Breve Memória sobre o Método mais Fácil de Investigar, Coleccionar e Organizar os Materiais de História", publicado em 1868 na Revista do Instituto Pernambucano, foi estimado pelos historiógrafos brasileiros.



domingo, 5 de fevereiro de 2023

Igreja de Santa Cruz na Lagoa ilha de São Miguel Açores




A Igreja Matriz de Santa Cruz   fica localizada  na  Lagoa, na  ilha  de São Miguel Açores.

É já referida por Gaspar Frutuoso que nela serviu como pároco interino de 1558 a 1560. O mesmo Frutuoso informa que, em 25 de Agosto de 1507, foi visitada pelo bispo de Tânger, D. João Lobo, que nela ordenou alguns sacerdotes.


Durante os primeiros anos do século XVI este templo recebeu especial protecção de Álvaro Lopes do Vulcão. Segundo o testamento deste, tinha já cinco confrarias em 1543. Segundo se depreende do citado Frutuoso e também de uma tradição que corre na Vila da Lagoa, esta igreja de Santa Cruz teria sido aumentada entre 1583 e 1586. Na verdade, nos termos de casamento dessa época diz-se que a ermida do Rosário servia de matriz, o que significa que se andava em obras em Santa Cruz. O quadro de eclesiásticos deste templo era numeroso, não faltando nele um organista e um mestre de capela.


Este templo possui algumas curiosidades dignas de nota. O púlpito, cujo docel é um trabalho admirável e tem a data de 9 de Outubro de 1782, veio do Convento de São Francisco de Ponta Delgada. Havia um órgão antigo mas, em 1894, foi substituído por outro construído em Ponta Delgada, sob a direcção do padre Serrão.


O relógio da torre veio de França e começou a funcionar em 24 de Outubro de 1909. Já em 3 de Janeiro de 1692, o vigário Salvador de Sousa tinha exposto a necessidade de um relógio. A actual frontaria e a sua torre foram levantadas no ano de 1844.